Por que existe tanta violência neste mundo?




           Longe de mim querer ser o dono da verdade. Até porque essa é uma questão muito complexa e  não seria tão simples afirmar peremptoriamente que esse ou aquele  acontecimento seria o fator motivacional e exclusivo  causador da violência. Por outro lado, sabemos que a violência se propaga e se apresenta  de diversas maneiras e não se esgota em apenas uma atitude, em um gesto ou em apenas um comportamento hostil. Há de se levar em consideração toda a evolução social,  psicológica e cultural, nesta incluídas as religiões, que compõem  todo o acervo histórico da humanidade. E isso não seria possível tratar em apenas algumas  malfadadas linhas.
            Na verdade, existem vários e vários fatores que podem desencadear a violência. Por isso, seria leviano de minha parte determinar um causador específico para desencadeá-la. Contudo,  creio  que há situações  as quais, apesar de não serem causas  únicas, servem como estopim ou como  instrumento para a  propagação das maiores barbaridades. Declinarei aqui apenas dois fatores  que considero os mais relevantes, porque exercem influência direta no comportamento das pessoas. Pois,  se elas mudassem um pouco sua postura radical, talvez  a humanidade tivesse a  oportunidade de viver  e conviver com menos violência.
     O primeiro fator que  destaco por considerá-lo bastante relevante é o fundamentalismo religioso. Não tenho a menor dúvida  de que, paradoxalmente, as religiões, ao invés de fomentarem o amor e a união entre os povos,  estiveram e estão por trás de várias divergências que normalmente culminaram  em vários conflitos e confrontos caracterizados pela violência.  No  mundo inteiro é assim. É muito comum as pessoas se agredirem por conta de suas crenças religiosas. Por acreditarem que o deus delas é o verdadeiro e único, as pessoas se julgam no direito de impor aos outros a sua crença.  Por sua fé, agridem o outro para provar o amor que sentem pelo seu deus. Porque não aceitam  a possibilidade   de conviverem  com outras  pessoas que adorem outros  deuses que não seja o seu.   A intolerância religiosa  também alimenta a tese de que  aqueles que não comungam da mesma fé são seguidores do demônio e por serem inimigos  do seu senhor, devem ser destruídos. Portanto, não tenho a menor dúvida de que a origem da violência passa, necessariamente, pela ignorância e pelo fundamentalismo religioso.
         O outro fator, que considero bastante relevante com relação  à existência da violência neste mundo,  é a política do individualismo, que encontra guarida no egoísmo humano. É preciso que as pessoas entendam que a matemática  não é uma ciência que se aprende apenas para passar no vestibular. A matemática é a ciência da própria vida. De uma certa maneira, a vida está diretamente relacionada a números e a cálculos matemáticos. E, nesse sentido, ela diz que o excesso de individualidade é prejudicial e causador de violência.
        Um simples exemplo  para ilustrar a questão sobre a matemática da vida, normalmente se dá quando precisamos atravessar uma avenida. As normas de trânsito nos orienta para o uso das faixas de pedestres e os sinais de semáforos. Isso demonstra que as pessoas precisam se juntar antes  e esperar o sinal verde para atravessar. Quanto maior for o número de pessoas esperando, maior será a respeitabilidade por parte dos motoristas, pois eles sabem que se causarem algum acidente terão várias pessoas para testemunhar contra ele. No entanto,  se  uma pessoa, seguindo o instinto individualista,  resolve  atravessar sozinha, fora da faixa de pedestre, ela se torna mais vulnerável, pois caso sofra algum acidente, dificilmente  contará com o apoio de  alguém  para testemunhar contra o   motorista infrator.  Isso significa que juntos somos mais fortes e mais respeitados. Isso tem a ver com matemática. Quanto maior for o número de pessoas reunidas, maiores serão a chances de  conquistas.
         Mas, o que se prega é exatamente o  contrário. O que se prega é o culto ao individualismo. O culto ao ser humano, em sua individualidade,  é,   sem dúvida, um fator de desagregação  social, pois que alimenta a cultura do cada um por si e Deus por todos. A cultura do primeiro eu, segundo eu, terceiro eu. Curiosamente, em sua etimologia,  o prefixo "eu" significa "bom". É como se o "eu", que se caracteriza através do ego de cada um,  fosse capaz de reconhecer a si mesmo como o único ser  dotado de perfeição ou, com mínimos defeitos possíveis, diante do grupo. E, por isso,  cada um, dentro de sua individualidade, acredita que merece  mais que os outros. Quantos não dizem "a vida é minha e faço dela o que eu quiser"?  São pessoas que acreditam que estão imunes e que, por serem especiais,   as coisas ruins deste mundo só acontecem com os outros.
         E dessa forma,  vamos nos iludindo, criando e alimentando uma imagem de nossa individualidade, sem respeitar os grupos dos quais fazemos parte. Por termos a plena certeza de que  podemos vencer sozinhos  e que não dependemos de ninguém para nada. Vamos nos  isolando e nos tornamos estranhos  uns dos outros. Vivemos cada vez mais voltados para nós mesmos, sem nos preocuparmos com a pessoa do nosso semelhante. Por isso, as pessoas já não se cumprimentam como antes. Porque enxergam no outro uma ameaça, um possível bandido que pode tomar o que possuem.
      Está aí, na cultura do individualismo, uma das razões que desestimula a solidariedade. Que dissemina a falta de preocupação com o outro, a falta de compaixão diante do sofrimento alheio. Tudo se resume exatamente  na falta de amor, que  se revela numa rivalidade sem sentido. Tudo isso  são ingredientes que fomentam a violência em diversos  campos das relações humanas. Porque tornam as pessoas, cada vez mais vulneráveis, pois vivem cada vez mais voltadas para si mesmas.

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