A grande balança do universo
Sempre ficava intrigado quando ouvia
minha avó dizer: “ O que se faz
aqui, aqui se paga.” Quem nunca ouviu essa frase? Não sei
exatamente quando ela surgiu e em que circunstâncias, mas talvez ela faça
parte de um conjunto de outras frases utilizadas com o mesmo propósito - o de
implantar o medo na mente das pessoas, através da certeza de que aquele que
cometer algum crime será mesmo punido exemplarmente, independente
de sua raça ou de sua condição econômica.
Contudo, contradizendo a tradicional ideia de
que todos os pecadores e criminosos pagarão por suas dívidas
lá no inferno, quando deixarem
esse mundo, a filosofia da balança
universal defende a certeza de uma justiça natural, conforme as normas e as forças que regem todo o universo. A balança universal não deve ser confundida, de maneira alguma, com castigo ou vingança, onde alguém
simplesmente é punido pelos erros cometidos.
Várias religiões pregam que o inferno seria a
recompensa dos ímpios, os quais vieram a esse mundo apenas para praticar
maldades contra a natureza divina e
contra os seres humanos, em completo antagonismo com os ensinamentos e com a
vontade do Criador. Sei que tudo isso
todos nós aprendemos desde tenra idade. Mas, onde entra o conceito de justiça diante da
balança universal nessa história? Como
todos sabemos, uma balança se constitui com fundamento na ideia de
equilíbrio entre dois lados. Assim, ela
possui dois lados simétricos e
equidistantes, constituídos por duas bandejas onde normalmente são colocados
pesos iguais em cada uma. Cada lado da balança é separado e mantido sobre uma haste
verticalmente ajustada com
precisão matemática, para nos informar sobre o equilíbrio ou desequilíbrio
entre as duas bandejas. Quando queremos
conhecer o peso de alguma coisa, costumamos colocar de uma lado algum produto ou algum objeto e, do
outro lado, vamos acrescentando pesos já
definidos. Dessa forma, quando ocorrer o exato equilíbrio entre os dois lados,
teremos revelado, então, o peso do
produto ou do objeto que queríamos.
Perante as denominadas leis dos homens, se alguém cometer um crime deverá ser punido pelas leis criadas
pelos homens. Se os homens não punirem, conforme o estabelecido nas suas próprias leis, não há que se cobrar qualquer
responsabilidade de Deus ou de
qualquer lei do universo, pois as leis
universais não estão submissas às leis
criadas pelos homens. No caso de uma balança, quando colocamos um
peso apenas sobre uma das bandejas,
teremos uma balança em desequilíbrio, que assim permanecerá se nada for feito. Porém, uma balança desequilibrada não deixará
de ser uma balança por causa disso. Mas será uma balança torta. Será apenas uma balança desequilibrada. Porém, dentro
do conceito de balança universal, o desequilíbrio não será permanente, pois uma
força sobrenatural, de inteligência cósmica, sempre agirá e cuidará em fazer com que as coisas retornem ao estado de equilíbrio original. A
atuação dessa força de energia cósmica independe de nossa vontade ou do nosso agir. Essa
força naturalmente procurará corrigir aquilo que se encontra em
desarmonia com as demais leis do
universo.
De alguma maneira, sabemos que essa lei
existe, apesar de não conseguirmos
compreender perfeitamente os seus viés
ou os seus limites. Parece que
muita gente já conhece os efeitos dessa
lei. Alguns chegam a exagerar quando estão
contentes demais e costumam dizer que logo terão motivos para
chorar, como se soubessem que o universo está sempre atento ao exercício dessa
atividade equilibradora. Muitas vezes, acontecem coisas que consideramos
erroneamente coincidências ou
punição, mas na verdade, trata-se de uma força natural do universo
buscando equilibrar os lados de uma balança desequilibrada e que, de alguma
maneira, estamos envolvidos. Se nosso
corpo está cansado, por exemplo, a nossa
natureza tende a corrigir as causas e os
efeitos desse cansaço, restaurando as
suas energias a fim de restituir as forças originais
daquele corpo, para que ele volte a exercer
as funções para as quais fora criado.
A lei da balança universal está intrinsecamente relacionada
com a lei da causa e do efeito. Muitas
dessas normas estão expressas em mensagens bíblicas,
entre elas, a que dispõe que colheremos
exatamente aquilo que plantarmos.
Cada ato nosso que vier a causar desequilíbrio na balança universal será
naturalmente corrigido e retificado, dando origem a consequências nem sempre agradáveis para nós. Ao longo de nossas vidas, mesmo
sem intenção, causamos danos irreparáveis
à natureza divina. E precisamos
buscar o perdão de Deus por termos falhado como cristãos e descumprido
leis sagradas e universais. Procuramos uma nova oportunidade diante de
tudo o quanto estamos passando. Nesse momento, o universo diante de nossa angústia e de nossa fraqueza humana, passa a conspirar para que retomemos o caminho do qual
nos afastamos um dia e tenhamos um novo ânimo para seguir em frente. Na maioria das vezes precisamos interpretar uma dificuldade ou um obstáculo como um desafio de resgatar nossos erros.
Devemos enxergá-lo como uma missão. Felizes daqueles a quem Deus escolhe
para uma missão. Cada missão deve ser
sempre encarada com seriedade e
de uma maneira positiva. Ela deve ser conduzida e cumprida com
muita responsabilidade, pois certamente
terá sido uma grande oportunidade
concedida pelo Senhor para que possamos
resgatar erros cometidos algum
dia e em algum momento ao longo de nossa
vida. Basta refletir um pouco e refrescar a memória, e logo saberemos. Essa lei pode se projetar por gerações.
Quem
com ferro fere, com ferro será ferido. Essa também é uma das leis relacionadas
com a balança universal. O mal que
praticamos pode ser resgatado aqui mesmo, enquanto vivemos. Diante dessa constatação, é natural que haja o surgimento de um
desespero, porque não podemos
voltar atrás para desfazer as coisas erradas que praticamos aos
nossos semelhantes. Muitas vezes,
sensações estranhas acometem os
nossos corações com angústias que nos conduzem à depressão. O arrependimento nos leva, então,
a buscar o conforto no perdão. Perdão daqueles a quem magoamos e a quem um dia ferimos. Se houver arrependimento verdadeiro,diante do mal que causamos, isso nos
incomodará. Quando nossa consciência
já nos traz a compreensão de que erramos e cometemos injustiças por
falta de conhecimento equivocado sobre
os planos de Deus para todas as criaturas, rogamos pelo seu perdão, por uma
graça e, nesse momento, buscamos nos reconciliar com o nosso Criador do
universo. Se de fato o nosso
arrependimento for sincero e verdadeiro, a nossa consciência se
pronunciará, e Deus nos ouvirá. Ele
nos concederá a graça e a
oportunidade de nos redimirmos de alguma maneira de tudo o quanto fizemos de
errado em nossa vida. Fique atento para
esse momento.Pois uma missão lhe será concedida.
Mas é preciso ter
fé e humildade o bastante, para que tenhamos a capacidade de perceber a sutileza
das coisas que nos envolvem. Precisamos ficar atentos. Porque, de alguma
maneira, a conta de tudo o quanto fizermos de errado em algum momento chegará até nós. E teremos
que desfazer a desarmonia causada por um
passado carregado de energias negativas, repleto de ilusões e fascínio por coisas
danosas ao espírito. Assim, os débitos
poderão ser muitos e certamente os
desafios virão para que se mantenha o
equilíbrio da grande balança universal de justiça divina. Serão como provas difíceis que nos farão renascer e passar de ano
Perante as leis do universo, lamento dizer, não importa a quantidade de títulos que
você possua. Não importa a fama nem a eminência do seu cargo nessa
terra. Não importa o quanto poderoso todos o considerem. Não importa o tamanho
de sua riqueza, nem do ouro que possui. Não depende nem mesmo da sua religião. Para o universo, o que importa mesmo são as coisas que você faz
e tudo o quanto pratica de bom pratica em função dessas coisas. A grosso modo, podemos fazer uma comparação
com a nossa saúde física. Se hoje comermos muito alimento gorduroso, no futuro, o
nosso organismo certamente terá problemas com colesterol alto, o que poderá nos
causar infarto e nos levar à morte. No
entanto, se refletirmos um pouco mais
sobre as consequências do que estamos ingerindo hoje, podemos mudar
nossos hábitos alimentares em tempo
hábil, para conseguir reverter e evitar o provável desfecho
fatídico. Com a saúde espiritual é a mesma coisa. Não há nenhum mistério nisso,
pois que já ouvimos falar de tudo, muitas e muitas vezes.
Então, precisamos mesmo de humildade e não termos vergonha de
reconhecer e confessar as nossas fraquezas e os nossos erros diante do Senhor, todos os dias. Não podemos nos envergonhar de nos
curvarmos diante do Senhor, reconhecendo o quanto somos pequenos diante de
sua grandiosidade. Devemos ser humildes
e reconhecer o quanto necessitamos de
suas dádivas e de sua misericórdia Necessitamos tanto dessa energia que nos dá a oportunidade de sobreviver diante de tantas adversidades.
O tempo é curto, por isso devemos nos
apressar. Devemos parar de correr tanto e refletir melhor sobre os nossos passos. Não
estou aqui falando em culpa. Não
ganhamos nada nos sentindo culpados. O que realmente precisamos é de
arrependimento e de perdão. Precisamos orar, orar e orar amiudemente. Pois o tamanho de nossa fé e de nossa perseverança farão a diferença e com
que tudo aconteça de uma maneira inusitada. O desafio se apresentará diante dos
nossos olhos de uma forma sutil. É
preciso ficar sempre atento, pois aquilo
que consideramos um castigo pode representar exatamente o oposto.
Uma missão divina, em princípio, tida como um castigo, na verdade,
pode se tratar mesmo de uma
grande oportunidade concedida pelo Senhor do universo, para que possamos resgatar os erros do passado e provar que verdadeiramente renascemos
e que somos, de fato, criaturas renovadas, capazes
de agir de maneira diferente e de perseverar,
abstendo-nos do egoismo e nos credenciando,
definitivamente, a fazer parte do Reino
do Senhor. Esse é o caminho para a
paz interior: arrependimento, missão e
reequilíbrio.
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