O que você acha da greve de policiais militares?



                Com relação a esta questão, ao meu ver,  existem dois aspectos a se considerar. O primeiro é o que considera o fenômeno da  greve  sob o ponto de vista da estrita da  legalidade.  Deste prisma, somos obrigados a concluir que os policiais militares não deveriam fazer greve.
          E o que seria, então,  a greve? A  greve, de acordo com os conceitos elementares, seria a  suspensão  total ou parcial, da prestação das atividades laborais por parte da classe trabalhadora,  sejam estas de ordem privada ou pública.
              Apesar de a Constituição Federal estabelecer o direito de greve,  esse direito  sempre tem sido considerado ilegal pelos poderes competentes, apesar de constitucional.  A lei é que diz o que seja legal e não a constitucional.  Se a lei diz que fazer greve é ilegal, então, de acordo com a  fazer greve é ilegal e ponto final.  Se a lei diz que os policiais militares  não tem o direito de fazer greve, já entramos  no segundo  ponto de vista. Porque o direito não é, ele apenas deve ser.
               Sob o segundo ponto de vista,então, podemos considerar  a greve  um direito natural, inalienável, inerente ao próprio ser humano, e por isso não  há como um  lei estabeleça o contrário. é como se uma lei tentasse impedir alguém de comer ou beber, não teria eficácia alguma.  Principalmente  sendo um direito  previsto na própria constituição do país.
              Portanto, diante de injustiças e iniquidades praticadas pelos "patrões",  quando o castigo é severo demais, temos que os princípios relacionados aos direitos humanos, na verdade, é o que  legitima o exercício da greve como o último ou único recurso disponível aos trabalhadores, seja ele de qual categoria for,  para reagir aos abusos, às arbitrariedades, aos assédios morais e aos excessos  cometidos pelo poder, que na posição privilegiada, muitas vezes os gestores cometem erros administrativos, muitos deles com desvio de finalidade.
                Greve, neste caso, será sempre um instrumento que deve ser utilizado apenas no interesse público.  Pois, frustrada as possibilidades de  negociação, muitas vezes por mero capricho do poder  público,  não resta ao trabalhador outra alternativa a não ser  levar à opinião pública os motivos do  impasse, onde  o povo que é o verdadeiro patrão  saberá avaliar as razões  eo s motivos do fracasso nas negociações e poderá dizer quem tem razão.
             Especificamente falando, existem aspectos políticos a se considerar nessa greve. Mas, pelo o que pude perceber, essa questão não ultrapassa as fronteiras internas da corporação. Divergências entre partidários oposicionistas na luta pela  gestão  de  uma entidade associativa  não pode ser comparada a questões partidárias no seu sentido mais amplo. Pode  até existir é uma  divergência quanto   as  estratégias tomadas na condução do processo de negociação com o governo, mas isso não significa a criação de  um fato para ser usado  durante a campanha eleitoral.
                 O que eu lamento é  não  ter  ficado  claro o motivo da greve. O que estavam querendo os militares especificamente? Quem se comprometeu com eles para a concessão de  vantagens salariais? Por que esperou o governador  Eduardo Campos deixar o poder para  realizar essa greve? Essas são algumas das questões que me deixaram  com dúvidas.
                No mais, em relação ao episódio dos saques praticados pelo povo, tenho a dizer que, embora tenha ficado bastante chocado com as cenas terríveis que assisti na televisão, tenho a absoluta certeza de que  a falta de zelo do Estado e a falta de  educação com  aquela parcela da população tiveram um papel fundamental.  Podemos perceber que  existiam pessoas de classes  menos favorecidas, onde o nível de educação é bastante precário. Não imagino uma pessoa com formação universitária, por exemplo,  participando daquele lamentável episódio. A não ser que seja uma pessoa tomada pela dependência química. Eu afirmo que é quase impossível encontrar pessoas com o bom nível de formação envolvida em casos  de saques a lojas e a supermercados.
                 Muito menos podemos imaginar que estivesse naquele meio uma pessoa com boas condições de  econômicas. Isso implica em moradia digna, um salário que lhe dê uma condição e uma  boa qualidade de vida. Porque houve saques de eletrodomésticos, mas também vi saques de produtos alimentícios nos supermercados. Isso  pode ser indícios de fome, de falta de alimentos básicos na casa daquelas pessoas. Leite para as crianças, etc. Ah, Edvaldo, isso não justifica. Concordo. Mas, o que o Estado tem feito com o povo também não se justifica, mas ele faz.
             Enquanto isso, recentemente a gente teve notícias de um ricaço, talvez excêntrico, hospedado em um famoso hotel no Rio de Janeiro,  pediu ao gerente para que  enchessem a banheira de sua suíte com o melhor champagne da casa, pois estava com vontade de tomar banho com aquele produto. É bom que se diga que a banheira suporta em torno de umas cinquenta garrafas. Imaginem quanto custou o tal banho!
             São essas  coisas que acho uma tremenda violência social, um tremendo vandalismo.  De ver tanta gente passando  por várias necessidades,  enquanto uns poucos podem se dar ao  luxo de tomar banho com champanhe importada. Enquanto uns esnobam, outros tem que correr o risco de ir preso ou  morrer  invadindo lojas e supermercados.
                  Bem se vê que na democracia o governo não é para o povo,  porque o povo sempre esteve à margem dos  benefícios  disponíveis. Porque  toda a maior parte das riquezas produzidas no mundo está nas mãos de uma minoria. O Estado é o meio de garantir que esse privilégio continue porque pouco ou quase nada faz em benefício do seu povo.
        
        

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