Sem união não somos nada
Não sei porque, mas algumas vezes fico com uma estranha sensação de que não
existe muito interesse em se resolver os problemas e as questões
internas relacionadas à
estrutura da Administração Pública. Normalmente, quando nos deparamos com algum problema relacionado com a gestão dos órgãos públicos, a burocracia se interpoe como
um elemento que dificulta as ações e, por razões obscuras, não há como objetivamente se encontrar uma solução plausível para que se resolva o problema que causa entrave e atrapalha
a qualidade da prestação dos serviços
públicos.
No último dia quinze de
novembro, feriado em que estava no plantão no Tribunal, recebi um alvará de soltura de um
preso e me dirigi ao Complexo de Presídios Aníbal Bruno, presídio Frei Damião de
Bozzano, e lá chegando, fui logo informado pelo
chefe da guarda de que o preso não poderia ser posto em liberdade porque não
havia nenhum responsável de plantão no setor penal naquele momento. Esse setor é responsável
pelo recebimento do alvará e soltura do preso. Normalmente é sempre assim,
durante os finais de semana e nos feriados, não há nenhum funcionário do setor
penal de plantão no local para a realização dos procedimentos cabíveis.
Enganam-se aqueles que pensam que é só o Oficial de Justiça chegar com o alvará de soltura que o preso será solto. Antes de colocar o preso em liberdade, é necessário que se realize uma busca no sistema interno para que seja verificado se existe algum outro motivo que impeça a libertação do preso, como por exemplo, a existência de outro mandado de prisão oriundo de outro juizo. Em dias normais, perde-se praticamente o dia todo apenas para soltar um preso por causa da burocracia interna dos sistemas prisionais. Não há como o Oficial de Justiça enfrentar essa situação sozinho.
Enganam-se aqueles que pensam que é só o Oficial de Justiça chegar com o alvará de soltura que o preso será solto. Antes de colocar o preso em liberdade, é necessário que se realize uma busca no sistema interno para que seja verificado se existe algum outro motivo que impeça a libertação do preso, como por exemplo, a existência de outro mandado de prisão oriundo de outro juizo. Em dias normais, perde-se praticamente o dia todo apenas para soltar um preso por causa da burocracia interna dos sistemas prisionais. Não há como o Oficial de Justiça enfrentar essa situação sozinho.
O nosso Tribunal de Justiça de Pernambuco, como não
poderia deixar de ser, não foge a essa
regra. Já faz algum tempo que tudo caminha de uma forma precária o que tem dificultado, e muito, o trabalho interno dos servidores da casa, e
por conseguinte, a qualidade do atendimento aos usuários. O horário de
funcionamento foi aumentado para o atendimento do público, contudo, não há servidores
suficientes para suprir as necessidades existentes em todos os setores. Por outro
lado, vários funcionários de empresas
terceirizadas, contratadas pelo Tribunal de Justiça para prestação de serviços de diversas naturezas, foram afastados de suas atividades por questões de mau
gerenciamento e não houve substituições para suprir as ausências daqueles
funcionários. Exemplo
disso encontramos no setor de distribuição dos mandados- Cemando, onde há muito
tempo o setor vem passando por inúmeras dificuldades causadas, principalmente,
pela falta de pessoal. Chega a ser desumano ver um servidor sozinho tendo que realizar serviços que antes eram feitos por, no
mínimo, quatro pessoas. E isso sem
nenhum reconhecimento por parte da direção do tribunal, onde as honrarias e as
medalhas nunca chegam aos ocupantes dos cargos inferiores.
É triste ter que dizer, mas na cemando estamos trabalhando em condições bastante precárias. O pior de tudo é que há muito tempo não se
vê a presença de nenhum dirigente no local para verificar o que está
acontecendo. Os representantes da
categoria dizem que já procuram a
direção do foro, mas não conseguiram
êxito no sentido de uma solução. Segundo
o representante do sindicato dos Oficiais de Justiça, tudo esbarra na questão da competência para
se resolver os problemas da cemando. O
diretor alega que não depende somente de sua vontade. Tem vários entraves
burocráticos e, infelizmente, a coisa
não anda. Os problemas não se
resolvem.
Ultimamente, temos perdido
horas na cemando esperando apenas para recolher os mandados cumpridos e receber novos mandados para dar cumprimento. Vários colegas
têm, inclusive, se oferecido para ajudar ao único servidor que já não consegue
dar conta de tantos serviços sozinho. Advogados ligam cobrando o cumprimento dos
mandados que já foram devolvidos devidamente cumpridos mas, por questões de
deficiências no quadro de servidores, esses mandados não chegaram às Varas para o devido
entranhamento nos autos do processo. Nem as certidões podemos fazer no local porque as impressoras estão todas quebradas há
vários meses e não há nenhuma perspectiva de quando serão consertadas.
Muitos colegas reclamam mas não tomam nenhuma atitude no sentido de se unirem para cobrar alguma providência mais eficiente por parte da direção do Tribunal. Estou aqui fazendo a minha parte, mesmo sabendo que escrevo na água. Estou fazendo isso contra os meus princípios, porque normalmente não gosto de criticar o setor onde trabalho dessa forma. Prefiro sempre fazer a minha parte e dar a minha singela contribuição para que possamos prestar um bom serviço à população. Porém, tem coisas que ultrapassam todos os limites da paciência e da tolerância humana. Como cidadão, não consigo ficar indiferente ao que está acontecendo.
Muitos colegas reclamam mas não tomam nenhuma atitude no sentido de se unirem para cobrar alguma providência mais eficiente por parte da direção do Tribunal. Estou aqui fazendo a minha parte, mesmo sabendo que escrevo na água. Estou fazendo isso contra os meus princípios, porque normalmente não gosto de criticar o setor onde trabalho dessa forma. Prefiro sempre fazer a minha parte e dar a minha singela contribuição para que possamos prestar um bom serviço à população. Porém, tem coisas que ultrapassam todos os limites da paciência e da tolerância humana. Como cidadão, não consigo ficar indiferente ao que está acontecendo.
É preciso que a direção do Tribunal de
Justiça tome as devidas providências no
sentido de encontrar uma solução urgente para os problemas que estão
acontecendo na Cemando. Uma sugestão seria, por exemplo, começar temporariamente
o atendimento aos oficiais de Justiça a
partir das dez horas, deixando o horário anterior para que fossem realizadas a
triagem dos mandados e distribuição nos escaninhos, até que fosse possível contratar mais gente para
suprir a carência na- quele setor.
Espero que essa crítica não seja considerada uma denúncia. Que
ela seja interpretada muito mais como um pedido de socorro na busca de solução para os problemas internos que estamos vivenciando lá na Cemando.
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