MÚSICA: " REMEXENDO O BUMBUM" (Lançamento 2014)
Hoje não responderei a perguntas como sempre faço aqui. Porque faço questão de publicar um vídeo que mostra a Banda Alphastral cantando uma de minhas composições. Aliás, esta é a primeira vez que alguém aceita gravar uma música de minha autoria. Por essa razão, dá pra imaginar o tamanho da emoção e da alegria que estou sentindo.
Contudo, devo dizer aos que pensam que sonho com fama ou com dinheiro por conta disso que eles estão muito enganados. Talvez porque não me conheçam profundamente. Claro, não sou hipócrita ao ponto de dizer que dinheiro não é importante, claro que é. Mas, fama ou dinheiro jamais serão mais importantes do que a minha dignidade. Faço aquilo que gosto de fazer, pelo simples prazer de me sentir realizado. Muito maior que a fama ou o dinheiro é a realização de um sonho. Um sonho que cultivo desde menino, quando por diversas vezes, tentei, sem sucesso, aprender a tocar um instrumento para fazer composições. Não ser cantor, mas fazer parte, de alguma maneira, do mundo da música. Porém, fui uma criança de origem muito humilde, paupérrima, onde as dificuldades eram enormes. Nem mesmo um parente tive para me ajudar na realização deste sonho, porque todos éramos de origem humilde, sem exceção.
Lembro-me que desde menino fazia músicas batendo no espelho da cama e escrevendo a letra. As melodias ficavam apenas na minha memória. Eu costumava cantá-las diversas vezes para não esquecer. Tenho até hoje na memória a primeira que compus. Costumava cantá-las para alguns amigos e muitos deles até as elogiavam. Não sei se por consideração. Muito incentivado, um dia, já com dezessete anos de idade, fui sozinho ao Conservatório de Musica que ficava ali na rua João de Barros e lá me disseram que eu não poderia me matricular, pois era condição o aluno ter algum conhecimento prévio sobre música para entrar naquela conceituada escola. A frustração foi tamanha e voltei para casa arrasado. Ficava me perguntando onde? Como eu poderia aprender alguma coisa? Como poderia aprender a tocar algum instrumento? Naquele tempo não tinha internet e eu era uma criança de origem muito pobre e as condições eram desfavoráveis. Mesmo assim, tentei diversas vezes e cheguei até a comprar um violão, mas não encontrei ninguém que se dispuzesse a me ensinar, principalmente, porque a natureza me fez metade destro e metade canhoto. E, por ironia do destino, o violão para mim tinha que ter as cordas viradas ao contrário.
As dificuldades foram tantas que um dia tive que parar de sonhar, pois precisava trabalhar para ajudar nas despesas em casa e continuar estudando. Depois de ser ajudante de marceneiro e de pedreiro, lá pelos meus dezenove anos comecei a trabalhar numa famosa fábrica de cerveja e foi ali que conheci o meu amigo, Wilson Knellas, que já era integrante de uma Banda, aliás, a mesma Banda que deu origem a atual Alphastral. Lembro que cheguei a mostrar para ele um pequeno samba que compus e ele gostou. Espero que um dia a Banda possa gravá-lo também, para que eu possa mostrá-lo aqui.
Dois anos depois, eu saí da fábrica e perdemos o contato. Algumas vezes até nos encontramos por acaso e sempre falávamos sobre música e sonhos. Mas, depois de uns dez anos sem nos encontrar, eis que algo me tocou e despertou em mim o desejo de rever o velho amigo. Algo me impulsionou a ir até a sua casa, que eu lembrava vagamente onde era. Não sei porque não fizera isso antes. Mas, acho que pelo fato de ter conseguido comprar um teclado e aprendido a tocar alguma coisa tive a vontade de retomar a luta pela realização do sonho frustrado no passado. Principalmente porque passei por um longo e difícil período de depressão, devido a um fato lastimável que ocorreu no ano de 2008, no TJPE, empresa onde trabalho desde 1985. Foi um período muito difícil, pois, de uma hora para outra reduziram meu salário pela metade sem qualquer base jurídica. E isso há apenas dez dias do pagamento. Por conta disso, muitos colegas morreram e outros ficaram doente e a base de remédios. Poucos sabem disso porque eu soube disfarçar a depressão e os momentos difíceis que passava naqueles momentos. Foi com o apoio e a paciência de minha esposa e filhos que pude superar aquele momento tão amargo. Foi também a paixão pela música que ajudou a me salvar. Foi o carinho e o apoio do amigo Wilson e de sua família, quando me receberam de braços abertos quando cheguei em sua casa. Tudo isso foi o que me motivou a fazer músicas e divulgá-las, apesar de minha idade, de minha insipiência musical.
Agora, a Banda Alphastral me deu esse belo presente. Pela primeira vez um grupo musical grava uma das minhas composições. Não dá para imaginar o tamanho da emoção que senti quando ouvi "Remexendo o Bumbum" sendo cantada pelo talentoso cantor Fellipe Jalfim. Não há dinheiro no mundo que pague tudo isso.
Então, eu quero aproveitar esse momento para agradecer ao Deus Verdadeiro, ao amigo Wilson, ao Bira, e a todos os que fazem a família Alphastral, pelo carinho e pelo apoio que me deram. Não tenho palavras para revelar o tamanho da minha alegria e da minha eterna gratidão. Obrigado pela paciência e pelo voto de confiança. Espero que vocês consigam realizar os seus sonhos e ocupar definitivamente o lugar que merecem, pelo qual sempre lutaram por todos esses anos de dedicação a essa arte de levar alegria às pessoas. Desejo que o público reconheça o talento de vocês e nos ajude a divulgar esse trabalho.
E, para aqueles que não entendiam e ficavam criticando e se perguntando como e para que uma pessoa como eu, com a minha idade, estava perdendo tempo com isso. Eu quero dizer para essas pessoas, que a vida é para ser vivida e para a realização dos sonhos, não importa a idade. Se com o tempo você parar de sonhar, de ter objetivos a alcançar, a vida perde o sentido. E, assim como no futebol, a vida só acaba quando o Juiz lá em cima apita o final da partida, pára a partida. E ainda estou vivo, bastante vivo. Apenas no início do segundo tempo.
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