Evangelho, evangélico, evangelizar
“
Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor.” Lucas, 2, 11.
Dizem
que as palavras pertencem ao mundo. Porque elas são produtos desenvolvidos pela
inteligência humana para servir de instrumento da comunicação entre
as pessoas. Elas estão por aí, à
disposição daqueles que precisam expressar
seus pensamentos. Algumas palavras, no entanto,
se restringem numa estranha
particularidade que, em alguns casos, passam
a definir pessoas ou grupo de pessoas
ligadas por uma ideologia, por uma filosofia, ou por uma religião. O sentido
original do adjetivo “evangélico”, por exemplo, passou a fazer uma exclusiva referência a pessoas que
fazem parte de uma determinada religião.
Por isso, pretendo refletir um pouco aqui
sobre o verdadeiro significado dessa palavra, na prática. Será
que qualquer pessoa tem o direito
de se considerar evangélico, mesmo não fazendo parte de nenhuma congregação
religiosa? De outra maneira, será que podemos afirmar que uma pessoa somente será considerada evangélica se necessariamente
pertencer a uma determinada religião?
De acordo com
alguns dicionários consultados, Evangelho é uma palavra de origem grega que significa “ Boa Notícia”; “Boa Nova”. Estruturalmente, o Evangelho consiste em quatro livros contendo relatos e
testemunhos sobre a vida e os ensinamentos do Senhor Jesus, ao longo de sua
passagem por este planeta. Dessa forma,
entendo que o adjetivo “evangélico” seja mesmo
originado e derivado do evangelho de
Jesus. E, neste sentido, creio que todos
aqueles que, de fato, sigam e cumpram o Evangelho de Jesus têm o direito de se
considerar um evangélico, muito mais do que aqueles que pregam mas não o cumprem.
Sabemos que
existem várias congregações com
diferentes denominações espalhadas pelo
mundo afora, e que muitas delas se intitulam evangélicas, mas pregar o evangelho não parece ser um propósito primordial.
Curiosamente, algumas dessas
facções religiosas, tão cheias de
contradições e eivadas de vaidades e divergências
entre si, criticam umas às outras. Não é
novidade pra ninguém os inúmeros conflitos
divulgados pela imprensa entre líderes
de algumas dessas denominações,
onde pregam muito mais capítulos e versículos do Antigo
Testamento do que propriamente o Evangelho
de Jesus. Muitos até pregam o Evangelho,
mas é como se ele fosse um apêndice da Bíblia, um coadjuvante que
perde o brilho diante de tantas estrelas e tantas facções
diferentes, mesmo assim consideradas
cristãs.
Muitos esquecem que o verdadeiro pregador
do evangelho não deve buscar
prestígio pessoal, nem o poder
político e nem econômico. Pois o
objetivo maior daquele que se diz evangélico deve ser pregar o evangelho e exaltar
a fé na salvação e no reino de Deus, que
é o reino do amor, da justiça e
do perdão, a fim de que todos possamos viver e conviver em paz. Porque foi para que todos tenhamos paz, que Jesus
foi enviado e nos deixou o seu evangelho.
Outros esquecem que evangelizar significa
pregar o evangelho de Jesus a toda a criatura. Eles insistem em versículos da Lei, esquecendo-se de que estamos no período da Graça. Acredito
mesmo que isso aconteça porque eles
prefiram fugir da verdade, ou talvez porque não queiram
bater de frente com a sua própria consciência. Assim é que
muitos se escondem atrás de suas
retóricas envolventes sem fundamentar
exclusivamente nas mensagens contidas
no Evangelho do Senhor. Parece mesmo que muitos ainda
desconhecem e continuam com muito medo de Jesus, apesar de se conclamarem
evangélicos.
Então,
não se digam evangélicos aqueles que não
fundamentam suas vidas exclusivamente no evangelho e insistem em pregar
apenas conceitos ultrapassados, ainda que contidos na antiga Lei destinada ao povo judeu e não aos gentios, pois que estão desviados de suas origens cristãs e alimentam uma poeira
nebulosa que dificulta a
compreensão sobre o verdadeiro propósito
do evangelho constituído pelos
ensinamentos que o Senhor Jesus Cristo fez para todos os povos,
inclusive, para os judeus, e que gostaria
de ver o mundo inteiro praticando.
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