Alguns Antagonismos Brasileiros
A história do nosso pais sempre foi
marcada por alguma espécie de antagonismo e de rivalidade entre grupos que, dominados por teorias e princípios fundamentalistas, há séculos
alimentavam conflitos separatistas entre o povo. Foi
assim durante o período da colonização, onde um grupo de europeus, constituído por pessoas ditas civilizadas por conta de sua origem europeia, entraram em conflito com os nossos índios, que
viviam nas florestas e moravam em ocas e
tabas. Os índios costumavam andar nus pelos campos e em sua ausência de ambição, caçavam e pescavam o
suficiente para sobreviverem, e por isso foram chamados de selvagens. Eles
viviam no mundo de natureza simples, sendo considerados povos primitivos pelos
forasteiros, os quais acreditavam na
tese de que morar em palacetes, vestir roupas
finas e seguir a sua religião seria de fundamental importância para o desenvolvimento e
felicidade de todos os povos.
Hoje sabemos o que a fé e as armas daquele povo civilizado fizeram com os primitivos povos indígenas do
nosso país.
Um outro bom exemplo desse antagonismo ocorreu
algum tempo depois entre escravocratas e
abolicionistas, numa luta desigual onde
os ricos
poderosos, diga-se de passagem, com
o aval do estado, submetiam pessoas negras,
sequestradas de seus países, principalmente
do continente africano, obrigando-os a trabalhar
de graça em lavouras de café, enchendo os bolsos dos grandes latifundiários. Mais uma vez, a exploração e a covardia foi a
tônica desse antagonismo. Dom Pedro Segundo, envolvido pelos compromissos assumidos com seus pares, mesmo diante das
pressões da comunidade internacional, não teve a coragem necessária para assinar a
Lei que dava a justa libertação aos negros. Coube, então, à Princesa Isabel, no breve momento em que assumiu o trono imperial, assinar a famosa Lei Áurea, por não comungar com os princípios escravocratas.
Não demorou muito e tivemos também o antagonismo entre os defensores do
imperialismo e aqueles que defendiam a república. Como todos sabemos, os republicanos venceram a batalha e tomaram o poder através do argumento e do uso da força bélica.
Contudo, sem me aprofundar em detalhes, só gostaria de ressaltar que não se trata de uma mera coincidência o
nosso primeiro Presidente da República
ter sido um Marechal das forças armadas.
Muitos e muitos outros antagonismos
poderiam ser destacados aqui, mas para
não ser tão prolixo, prefiro ir direto
ao ponto e destacar o antagonismo mais
recente ocorrido no Brasil: o
antagonismo entre os ideais comunistas e o
capitalismo. Em poucas palavras,
podemos resumir o capitalismo como o
sistema econômico que se baseia no livre comércio e na propriedade privada dos
meios de produção para o mercado, onde os capitalistas investem seus recursos para
o exercício de uma atividade de risco, com a finalidade de obter lucros. Para
isso, é preciso que seja respeitado o direito de se manter a propriedade
privada e que se respeite os contratos realizados entre as partes envolvidas. O grande problema do capitalismo
é que não basta apenas obter
lucros, pois a grande maioria dos capitalistas almeja a riqueza.
Já o comunismo é o sistema que se fundamenta basicamente nas ideias
propagadas por Karl Maxx e Friedrich Engels, entre outros, que pregavam, sobretudo, a extinção do Estado a partir da tomada do poder pelas classes
proletárias ( os pobres sem influência
no poder), de maneira que, a
partir de então, os bens e riquezas produzidas pudessem atender e suprir todas as
necessidades do povo, onde todos seriam
donos de tudo e de nada ao mesmo tempo, sendo tratados de maneira igual no
mundo onde não o haveria mais separação entre classes sociais.
Por conta dos conflitos entre os ideais capitalistas e comunistas, travou-se uma verdadeira guerra
no Brasil. Por conta de rumores de que havia um movimento nos bastidores para
implantar o regime comunista no nosso país,
levantou-se um movimento anti-comunismo, dando início a uma verdadeira investida contra a possibilidade de se instalar no Brasil os ideais
pregados pelos Markicistas
convictos.
Os líderes desse movimento
sabiam que os seus argumentos iriam certamente convencer e conquistar o apoio das classes
populares naquele momento tão difícil para a economia brasileira. Principalmente
para as classes dos excluídos pelo
estado capitalista, pois seriam bastante
convincentes entre os mais pobres, uma vez que pregavam a
ilusão de que todos seriam contemplados com as coisas que suprissem as suas
necessidades básicas, como moradia, alimentação, vestimentos, remédios, etc. Enfim, tudo o que
fosse preciso para que todo o povo fosse tratado com mais dignidade, de maneira
igualitária. Seria o país dos sonhos para qualquer pessoa que vivesse em completo estado
de miséria e abandono.
Apesar
de se tratar de uma luta que teve origem no campo político ideológico, os militares foram convencidos de
que o comunismo era um risco e se instalaria no país se nada fosse feito, e fizeram. Através de ações
contundentes e antidemocráticas, os
militares assumiram o poder em defesa do
país capitalista, por temor de um sistema
considerado novo, que parecia chegar como um avalanche voraz que se
precipitava sobre as cabeças do regime
tradicionalista.
O resto todos nós sabemos o
que aconteceu. Muita violência, muita tortura e
muitas mortes. Um longo período de ditadura militar se estendeu por mais
de vinte anos, com limitações à liberdade e ao uso dos instrumentos
democráticos. Muita gente foi acusada de
comunista injustamente, sendo enquadrado
no famigerado crime de subversão.
Até que um belo dia a razão e o equilíbrio voltaram a reinar e uma nova Constituição foi promulgada. É bem verdade que ainda estamos engatinhando
em termo s de democracia, mas olhando pelo ângulo dos argumentos pregados pelos comunistas, tudo parece ter sido muito injusto.
Contudo, sem querer colocar água no chopp de ninguém, devo lembrar que o comunismo fora implantado na
antiga União Soviética e em outros vários países
do leste europeu. Porém, como se
sabe, parece que não foi lá essas
maravilhas. Então, pergunto Se não
serviu para eles, por que serviria para o nosso país? Se não deu certo por lá,
por que daria certo por aqui? Em poucos
anos, o comunismo, no modelo apresentado, provou ser um fracasso e já é uma questão superada. O que resta são saudosismos de um
tempo que não voltará porque o povo optou mesmo pela democracia.
O fracasso do comunismo no mundo deixou bastante evidente que todo o sistema econômico apresenta falhas, e não seria diferente com o
capitalismo. Contudo, ficou bastante evidente também que nenhuma forma de governar, por
melhor que se apresente, se justifica se
em seus fundamentos tolher um dos bens mais sagrados e inalienáveis do povo: o direito a plenitude de
sua liberdade. Por essa razão, não creio
em discursos que insistem em
dividir a política em direita e esquerda,
induzindo o povo a acreditar que na direita estão os políticos traidores da pátria, por conta dos excessos cometidos
durante o período do regime militar.
Porque com o fracasso do
comunismo, essa separação perdeu todo o
sentido político ideológico. Além do que, todos temos o direito de lutar por
aquilo que acreditamos.
Infelizmente, hoje devo considerar a possibilidade de muitas
vítimas ainda guardarem mágoas do antigo regime militar por conta das injustiças que
sofreram. Não podemos deixar de reconhecer e de prestar nossas inteira
solidariedade a esses verdadeiros heróis. Contudo, é preciso atentar para o fato de que
existem outros tantos por aí que
agem apenas com o objetivo de tirar proveito político eleitoral deste lamentável episódio da história brasileira. São muitos
os que se aproveitam do discurso fácil, tentando passar a ideia de
uma luta revolucionária do bem contra o mal, e se apresentam
como defensores dos direitos das classes menos favorecidas da população,
principalmente dos mais carentes. Contudo, muitos desses ficaram ricos com a sua
“ maneira revolucionária” de fazer política.
Nos últimos anos podemos
dizer que o país tem sido dirigido por forças revolucionárias de esquerda, contudo, o povo continua morando em favelas, em
morros, sem uma boa educação, vivendo com um péssimo sistema de
abastecimento de água e esgoto, com um sistema de saúde indigno da sua condição
humana, entre tantos e tantos outros
problemas sociais, tradicionalmente
conhecidos ao longo de
muitos anos. Problemas que somente com a
união de todos poderão ser resolvidos ou
amenizados.
Resumindo: o povo continua sofrendo os dissabores de uma economia
voltada para beneficiar o capital e não
às pessoas. Porém, o que
vemos é uma luta acirrada pelo poder, por cargos nos governos. O resto
são frutos de uma enganosa luta, já sem
qualquer fundamento, travada
entre uma falsa esquerda e uma falsa direita apenas pelo poder. A prova disso é que tivemos tantos exemplos de infidelidade partidária
nos últimos anos.
Essa é que é a verdade, minha gente. Por isso
aconselho a ter muito cuidado com os
enganadores e oportunistas de plantão. São pessoas de caráter duvidoso que,
infelizmente, tentam se locupletar e,
apenas e tão somente, trabalham
em defesa de seus próprios interesses, mantendo acessa a chama de uma
contenda que deve fazer parte do passado. Não esquecida, mas no passado. Porque já não há mais sentido continuar
dividindo o país nesses termos.
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