A gravidade do Mensalão

                Enquanto  assisto a essas reportagens diárias sobre o episódio criminoso do mensalão, fico imaginando como pode haver políticos com  falta de dignidade como os condenados José Dirceu e José Genoino.  Nada pessoal  contra essas criaturas, apenas decepção.  Porque eles,  além de não  terem a humildade de reconhecer publicamente  que erraram  e aproveitar a oportunidade para pedir desculpas ao povo brasileiro pelo que fizeram, ainda  tentam confundir a opinião pública  com  bravatas e declarações sem fundamentos.   Eles tentam  manter a pose de vítimas fazendo declarações levianas  de que  foram condenados injustamente em um processo sem provas, declarando-se presos políticos. Esquecem  que  o governo federal se encontra  nas mãos de pessoas do seu próprio partido. Imagine o que eles fariam se o governo estivesse nas mão da oposição.
               Eu confesso que esperava  ao menos  um gesto de grandiosidade  por parte desses senhores. No sentido de pelo menos  reconhecer que pisaram na bola e agiram  de maneira errada, na medida em que fizeram uso de procedimentos fraudulentos e ilícitos com o objetivo maior de obter benefícios políticos, administrativos e econômicos. Mas, ao invés disso, eles preferem  macular a imagem do STF, mormente a do Ministro Joaquim Barbosa,  alegando que suas prisões foram ilegais, que não existem provas contra eles, tentando  sair como heróis desse lastimável e  sórdido caso que chocou as pessoas de bem desse país e repercutiu no mundo inteiro.
               É preciso deixar claro para  a população  desinformada  que  o mensalão  não se trata apenas de uma simples prática de corrupção cotidiana, pitoresca, que  parece já  fazer parte da tradição  brasileira, principalmente,  da nossa política.  Porque  o mensalão não representa apenas e tão somente um caso simples de  corrupção, pois há nele  questões muito mais complexas  que agravam  de maneira considerável os atos praticados por aqueles senhores.  Ele é um caso que  não se iguala  a  nenhum outro  daqueles que  normalmente acabam em pizza.
                   Na verdade,  o que tornou  o mensalão  um caso grave e perigoso, e portanto passível  de uma resposta  mais enérgica por parte do poder judiciário e da sociedade, é o fato de que  se  trata   de um  plano diabólico, de um projeto arquitetado por uma organização de pessoas interessadas em se  perpetuar no poder através da compra de votos de parlamentares  do Congresso Nacional,  eleitos pelo povo,  a fim de que esses parlamentares votassem de acordo com o que fosse  previamente estabelecido pela organização,  traindo  dessa forma a confiança dos seus eleitores. Nada justifica isso, nem a melhor das intenções que possa ter  servido de inspiração. Nem todos os meios justificam os fins.
                  O mensalão não foi um simples ato isolado, praticado por um integrante do governo, de um partido, de um ministro ou de um deputado  qualquer.  O mensalão foi um  verdadeiro atentado  contra o estado democrático de direito  e contra a soberania popular. Nesse sentido, podemos considerar que o mensalão foi um atentado à nossa  própria Constituição Federal.
     Agora, independente das paixões partidárias, cabe à toda sociedade brasileira, particularmente os eleitores, assumirem o seu papel e  suas responsabilidades diante da gravidade desses fatos e fazer o seu julgamento através do próximo sufrágio. Sabemos que no meio do povo existem muitas pessoas  de bem e inocentes  que se recusam a acreditar que ajudaram a eleger pessoas capazes de  cometerem atos tão nefastos. Por outro lado, existem aqueles que permanecem   iludidos e  se apegam a detalhes como o bolsa família, por exemplo. São pessoas que se recusam a acreditar que tudo seja mesmo verdade. Muitos têm medo de perder tal benefício.  Mas, o que está em jogo é muito maior  do que uma simples paixão partidária. Até porque sabemos que o bolsa família tem beneficiado um grande número de pessoas que não precisam, enquanto muitos que realmente necessitam não recebem. Porque o que realmente importa é o retorno eleitoral  que o programa proporciona.
      Portanto,  não há como ficar em cima do muro. Se  você  chegar à conclusão de que os petistas  José Dirceu, Delúbio Soarers e e Genoíno e o seu Partido  continuam dignos do seu voto, apesar de tudo, pois são inocentes e  houve mesmo  um julgamento político e não jurídico.   Se  a maioria dos eleitores  considerar que houve mesmo  injustiça por parte dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, então que o Partido dos Trabalhadores seja mantido no poder. Isso significa reeleger a Presidente Dilma Roussef nas próximas eleições,  mantendo o Partido dos Trabalhadores e seus aliados  no  comando executivo do país.
          Contudo,  se  você  considerar  que  a trajetória do PT chegou ao seu ocaso e que o Brasil precisa  urgentemente  de uma mudança  e queira    demonstrar a sua insatisfação, a sua indignação  diante desses  fatos, então que todos  procurem outra opção para confiar seu voto.  Essa será uma  grande demonstração de que  o povo brasileiro não  tolera nem aceitará  mais qualquer  ato  dessa natureza daqui por diante, sejam praticados  por quem quer que seja.
          De minha parte, diante  da  postura dos mensaleiros e por tudo o quanto vi e ouvi sobre o  processo do mensalão, não tenho a menor dúvida em afirmar que se tiver que optar   entre  o PT e o STF, prefiro confiar na história, na honestidade  e na integridade moral dos Ministros  do Supremo Tribunal Federal.  Dessa forma, se tiver que optar entre os mensaleiros  e a idoneidade  moral  e a imparcialidade do  Ministro Joaquim  Barbosa, não exitarei  em  confiar na postura correta e nas decisões do referido magistrado,  não somente pela sua coragem, mas  principalmente pelo seu exemplo de dignidade e de respeito ao povo brasileiro.
      E aproveitando o que dizia o  inesquecível e querido professor Clóvis Correa, ex-Presidente do Tribunal Regional do Trabalho:  “agora  o juiz  será você.”

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