E por falar em evolução da humanidade


             Entender  o significado do termo  evolução não é coisa muito difícil nos tempos atuais. Basicamente temos dois sentidos  distintos  que podemos destacar para a compreensão dessa palavra.  Em um  primeiro caso, seguindo numa determinada linha de raciocínio,  a evolução  pode representar  uma marcha gradual e contínua numa determinada direção e sentido.  É neste sentido, por exemplo,  que a palavra evolução é utilizada nos quesitos  que  compõem os instrumentos  necessários para o julgamento  realizado no desfile das escolas de samba. Nesse caso, a evolução  será  analisada de maneira pontual, especificamente  localizada  como parte de um  conjunto.  
           Em outro sentido, a palavra evolução adquire um significado mais abrangente e muito mais empírico. Nesse caso, a evolução pode ser  compreendida  como  uma espécie de  crescimento, de melhoramento comportamental, de amadurecimento do ser humano na busca  pelo  aperfeiçoamento de suas relações interpessoais. Trata-se de uma transformação gradual, onde nos observamos saindo  de um  estágio  primitivo para uma plena convivência dentro de um regime de  civilidade fraternal.
       Sociologicamente,  podemos dizer que os seres humanos passam por um processo de evolução, baseado  predominantemente na segunda acepção da palavra. Significa dizer que estamos melhorando como pessoa, como gente.  Significa   afirmar que somos melhores do que foram os nossos antepassados.  Depois de  milhares de anos, olhamos para trás e podemos nos orgulhar e dizer que estamos  caminhando na direção certa.  Um ajuste aqui, outro ali... Enfim, podemos ficar tranquilos e dizer  com certeza que a  humanidade está fazendo o que deve ser feito para  conseguir   alcançar o grau máximo de uma evolução  virtuosa,  apesar de sequer conhecer os  limites  dessa  famigerada  evolução.
        Contudo,  podemos  abstrair  e fazer uma análise específica  sobre  um dos   aspectos  bastante  significativo: a evolução da  liberdade de expressão do pensamento.  Isso me faz retroceder à época de Jesus.  Um  Homem simples, ainda desconhecido e sem qualquer cargo na estrutura sacerdotal da época  começou suas pregações, que mais tarde revolucionaria o mundo inteiro. Sem qualquer   estrutura  econômica ou mercantilista que O financiasse,  Jesus peregrinava sem conforto  e ensinava ao povo nas ruas, nas casas, nas sinagogas, nas montanhas. O povo O seguia porque gostava de ouvi-Lo. Porque  também queria   adorá-Lo. Jesus era um Homem simples, filho de um carpinteiro, que não nasceu em berço de ouro. Não havia carrões  de luxo,  jatinhos particulares  nem  roupas de grife. Não havia sequer a garantia de uma  boa refeição  diária. Mesmo assim, Jesus caminhava quilômetros  e mais quilômetros para levar a sua mensagem de amor.   Ele  veio para mudar os rumos da   evolução   humana  apontando  um novo caminho. Um caminho para a verdadeira justiça e  fraternidade.  Ele veio ajudar a nos aproximar de Deus. 
            Lamentavelmente  Ele  não teve muito tempo, pois  muita gente  sentindo-se   incomodada  na época  interrompeu suas pregações. Acusaram-No de crimes que Ele não havia cometido,  e por isso  o condenaram e o mataram.  Jesus foi julgado não por suas obras, não porque era um criminoso, mas pelas falsas acusações dos fariseus.  Como sabemos, Jesus foi  acusado pelos fanáticos fariseus de  subversão e de blasfemar contra  Deus. Apenas porque  defendeu os mais pobres e explorados  e  pediu  que os ricos dividissem  as riquezas com mais equidade.  
            Agora podemos olhar para trás e  dizer que evoluímos para reconhecer o tamanho da injustiça que foi cometida por aquele povo. Porém, apesar de tudo o que fizeram com o Senhor, apesar de toda a tortura, mesmo assim,   podemos dizer  que Ele teve, pelo menos, direito a um devido processo legal. Ele foi julgado e  sentenciado,  conforme os procedimentos legais vigentes naquela época. Ainda que consideremos  injusta a sua  penalidade,  não podemos negar  que, sobre o ponto de vista  da legalidade, Jesus teve direito a um devido processo oficial que culminou com uma sentença condenatória aplicada pelo Estado romano, depois de  ser  realizada uma consulta popular.  Ele foi  crucificado e morto entre dois ladrões,  vítimas  da  mesma condenação.  
         Hoje, considerando a evolução da humanidade,  passados  mais de dois mil anos, fico me perguntando o seguinte: E se Jesus voltasse e começasse as suas pregações  nos tempos atuais? E se Ele  resolvesse agir  exatamente da mesma forma e saísse por aí, caminhando  pelas ruas, pelas praças e subisse as montanhas para alertar as pessoas e falar do seu Reino?  Quantos iriam parar sua rotina  apenas  para ouvi-Lo ou segui-Lo?   E se Ele, de repente,  ao longo de suas pregações,  falasse coisas que contrariassem  os interesses dos poderosos ou de alguns líderes de Igrejas,  essa  mesma  gente que  a tempos se locupleta dos  privilégios e vantagens  do poder?
             Confesso que tenho dúvidas. Será que diante da  nossa  evolução  hoje, o Senhor  Jesus teria,  pelo menos, o mesmo  direito a um devido processo legal como naquela época? Ou será que Ele,  por causa da certeza da impunidade, também seria tocaiado e assassinado  covardemente, como tantos outros líderes,   por  um desses  pistoleiros de aluguel, que se vendem aos poderosos  privilegiados, hipócritas, quando se sentirem ofendidos e ameaçados  por  alguém  que teve  a coragem de  denunciar   tanto mal caratismo, tanta sujeira e tanta podridão  que existem   nos bastidores do poder?   

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