O conceito de moral em Imanuel Kant.


               "De certa forma, o homem não poderia ser conceituado nem como bom nem como mal, pois a questão de suas ações não está diretamente e unicamente ligada à sua índole, mas principalmente relacionada com a  incapacidade mental de compreender a dimensão  e grandeza do universo em que vive, tornando-se  incapaz de  estabelecer um agir oriundo de si mesmo,  de forma pura, sem interferências do mundo exterior, de tal forma a não conduzi-lo  a tomar decisões, ainda que dentro do conceito da racionalidade, que se possa garantir sua culpa num mundo inteligível ou metafísico, a não ser depois de incutir em sua mente  os vícios de uma moralidade  humana, apesar  de  desvairadas intenções de impor uma origem  divina ou celestial, na busca de incutir em cada  uma das pessoas, a tomada de decisões bem como a  opção por um determinado comportamento  e por um agir sempre esperado e previsível, pelo menos do ponto de vista da maioria de participantes de um determinado grupo social, na busca de uma responsabilização dos possíveis  dissidentes, causando-lhes um sofrimento  que seja fundamentalmente oriundo da angustia   e de um sentimento de culpa interior". ( Kant )
             “No que se refere à moralidade, na medida em que Kant admite que o homem é consciente da lei moral como um princípio positivo, reconhece, em contrapartida, que o seu afastamento da lei é ocasionado por um princípio que lhe é antagônico. É a presença do princípio positivo que gera a virtude, caso ele seja acatado, ou o vício, caso seja sufocado por um princípio antagônico. Kant cita como exemplo um animal que, privado de razão, "não pratica nenhuma virtude, mas essa omissão não constitui um demérito (demeritum), infração à lei interior" (GN, p. 34)9. Tal ocorre porque o animal não possui uma lei interna que lhe serve como princípio, diferentemente do homem, que, além de possuir a consciência de uma lei (que lhe serve de guia), também é consciente de que a está recusando.
                Imagine um homem (diz Kant) que abandona outro, no qual ele vê a aflição, e que poderia seguramente socorrer. Ele entende em seu coração a lei positiva do amor ao próximo; essa lei ele a sufoca; isso pressupõe uma ação interior real engendrada pelos móbiles que rendem a omissão possível”.(GN, pp. 34-35).
               “Nesse exemplo, Kant deixa bem claro que além de possuir uma lei interior, o homem é portador também dos móbiles que são capazes de omiti-la, e assim tem "em mãos" o veneno e o antídoto, e pode manipulá-los ao seu bel prazer. Já o animal não possui nem um e nem outro, por isso não é imputado moralmente.”
Fonte:  O CONCEITO KANTIANO DE MAL RADICAL E O RESGATE DA DISPOSIÇÃO ORIGINÁRIA PARA O BEM - TESE DE MESTRADO DE LETÍCIA PINHEIRO, SANTA MARIA, RS, BRASIL-2007.




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