O futuro presidente
Mais um ano termina e, com ele, mais um mandato de Presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco se vai. E como costumava dizer a minha saudosa avó: Já vai tarde.
A verdade é que o presidente que sai, assim como o seu antecessor, não deixará qualquer motivo para saudade, pelo menos, para a grande maioria dos servidores da casa, conforme comentários nos bastidores. Lamentavelmente, a maior impressão que fica é a de que este tenha sido a continuação de um dos piores períodos na história da administração deste órgão, principalmente, com relação ao tratamento dispensado aos seus servidores. O que mais marcou as duas últimas gestões, e ficará para sempre na memória de todos, foi, principalmente, a falta de diálogo, regrada pela intransigência, pela incoerência e pela ausência de bom senso. Não podemos esquecer, ainda, da vaidade de alguns assessores, desse sentimento que, na maioria das vezes, mexe com a cabeça de quem exerce o poder.
Às vezes, fico me perguntando: de onde vem esse estranho prazer em assumir um cargo dessa magnitude, e deixar passar a oportunidade de realizar coisas importantes que contribuam para o crescimento dos servidores e para a melhoria da prestação dos serviços jurisdicionais? Como podemos compreender que uma pessoa ocupe um cargo de tamanha grandeza e se mantenha distante, altivo, voltado para si mesmo, numa postura galática, acima do bem e do mal, defendendo ideais anacrônicos e distantes do interesse público? E, apesar de tudo, ainda termos que ouvir discursos retóricos - “ Ah, nossa gestão foi um grande sucesso.” Talvez, esses sejam um dos principais motivos pelos quais essa gestão, como a anterior, não deixará, absolutamente, nenhuma saudade. Muito pouco ou quase nada fica de positivo em nossa memória. Fica difícil destacar algo que seja digno de elogios.
Para a grande maioria dos servidores ficam, apenas, tristes recordações de conflitos, de greves, de momentos desgastantes, de mentiras, de radicalismo, de decisões verticalizadas, de covardia e de injustiças, que só semearam ainda mais revolta e indignação. Conseguir, por exemplo, a aprovação de um pseudo plano de cargos e carreiras, que em nada beneficia os servidores, da maneira como foi feita, sem a participação efetiva da categoria, pode até ter sido uma demonstração de força, mas, sem dúvida, foi um grande equívoco. É preciso lembrar, sempre, que o confronto, alheio ao diálogo, não traz e nem trará nenhum benefício às partes envolvidas. Na verdade, o povo é que, mais uma vez, foi o maior prejudicado.
Ao ensejo, importante ressaltar a bela imagem dos servidores do Tribunal Regional Eleitoral ovacionando o eminente Desembargador Roberto de Oliveira Lins, ao término de seu mandato, aplaudindo a sua postura, quando no exercício do cargo de Presidente daquele órgão. Vários servidores chegaram, inclusive, a lamentar a sua saída. Parabéns, Desembargador.
Seguindo essa mesma linha, será que os atuais gestores do TJPE deixarão os cargos com a sensação do dever cumprido? Será que esse grupo deixa um exemplo positivo de gestão a ser seguido? Será que essa seria a melhor postura para se exercer um cargo de Presidente? Espero, sinceramente, que a consciência de cada um responda a todas essas questões, com bastante honestidade.
Mais uma vez, os nossos olhos se voltam para o futuro presidente. Uma nova administração, uma nova era. Um novo começo, que traz consigo uma nova esperança, ainda que remota, de que o próximo presidente possa realizar uma gestão melhor, mais equânime, mais equilibrada, mais produtiva, menos rancorosa, mais justa e mais respeitosa com a dignidade dos seus servidores e, principalmente, que cumpra as leis e respeite todos os acordos realizados com a categoria. De nossa parte, envidaremos todos os esforços necessários, no sentido de colaborar para que esta seja uma administração repleta de sucesso e de realizações.
Por isso mesmo, antecipadamente, pedimos ao bom Deus que ilumine o nosso futuro presidente e que seus ensinamentos lhe sirvam de inspiração e o conduza, sempre, a fim de que todos os seus atos, praticados durante o seu mandato, possam realmente credenciá-lo como um verdadeiro cristão e um grande presidente. Que o feitiço exercido pelo poder não o domine e que ele veja os servidores como seus aliados e não adversários. Que os veja, antes de tudo, como trabalhadores, pais e mães de famílias, pessoas humanas, de bem, que estudaram e querem muito participar, junto à gestão, das decisões que envolvam as relações de trabalho, como, por exemplo, o horário de expediente, um novo e mais justo plano de cargos e carreiras, os reajustes salarias, as questões das perdas causadas pela inflação, as condições de trabalho, etc.
É importante que façamos uma profunda reflexão sobre todos os fatos e erros praticados durante as duas últimas gestões, para não repeti-los. Nunca mais. Que o diálogo, a humildade e o senso de justiça sejam suas maiores virtudes.
Enfim, esperamos que o novo presidente possa enxergar os servidores, simplesmente, como colegas de trabalho, como gente, como seu próximo, e que os ame como a si mesmo, como determina o Mandamento Divino. Deus seja louvado.
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