- Você é Contra Instituição Familiar Tradicional?



              Embora reconheça que existe uma tentativa legítima da parte de alguns de se impor uma formação familiar conforme o modelo  tradicionalista, imposto pelas religiões, diga-se de passagem, em princípio, defendo que ninguém deve ser obrigado a pensar e agir da mesma forma. Porque  cada um deve encontrar seu jeito particular para ser feliz. O comportamento humano que não seja ilegal deve ser respeitado por todos, independente dos dogmas religiosos. Digo isso porque se  os religiosos agissem  contra as injustiças sociais, contra a fome, contra o abandono  de pessoas que vivem perambulando pelas ruas,  contra o tratamento desumano  nos hospitais públicos, contra o desvio de verbas destinadas à merenda escolar, etc, talvez  fosse compreensível tanta homofobia.
                Somos um país miscigenado, constituído por pessoas de várias raças, de diferentes culturas, com ética e costumes  socialmente diferentes, que trazem em seu sangue as marcas de tradições diversificados. Cada um, portanto, com o direito de seguir os seus próprios valores. O que deve ser respeitado são as normas de conduta estabelecidas pelas leis do pais. Falar em moralidade para  apenas um caso específico, excluindo casos como a fome, por exemplo, que ao meu ver é muito mais grave, é mesmo pura hipocrisia. 
           Creio que o conceito de  instituição familiar  não deve  ser  fundado exclusivamente na religião, mas na plena liberdade individual e nos direitos fundamentais reconhecido constitucionalmente a cada  cidadão desse país. Porque a família é apenas um fenômeno de organização social dotada de um dinamismo natural dentro da evolução das sociedades. Evidente que em toda a sociedade que se preze existem os grupos tradicionalistas, que  normalmente são contrários e resistentes a qualquer tipo de mudança. Por outro lado, temos os grupos denominados progressistas, que são mais tolerantes e aceitam com mais facilidade as novidades. 
              O que é preciso é  aprender a respeitar as diferenças culturais e desenvolvermos a capacidade de conviver com essas diferenças, sem querer impor às outras pessoas o que achamos que seja melhor para elas. Não dá pra esquecer o holocausto cometido contra os povos indígenas só porque os invasores estrangeiros achavam que os índios, legítimos descobridores e ocupantes dessas terras, deveriam seguir a religião deles. Devo lembrar que Deus não precisa de assassinos matando em seu nome.
          Sabemos que existem os hipócritas de plantão que aparecem na televisão com discursos vazios  em defesa da família apenas com o objetivo de ganhar os votos daqueles mais tradicionalistas, que sentem dificuldades em aceitar o novo, o moderno. Não apresentam nada de concreto no sentido de melhorar a vida das famílias. Quantas famílias vivem à margem da sociedade?
              Mas,  entendo que é preciso haver  um respeito mútuo e debater com argumentos concretos, respeitando sempre os direitos à individualidade e à felicidade de cada um, independente dessa denominada fé religiosa, histórica e tradicionalista que apesar de todo o discurso, ao longo de todos esse séculos de sua existência, não conseguiu  construir  uma sociedade igualitária e justa, onde todos sejam tratados com a mesma dignidade.

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