A Crueldade Humana.
Na verdade, não existe nenhum ser tão cruel quanto o homem. Nenhum outro animal consegue ser tão malévolo nem tão sanguinário quanto o homem. São incontáveis os exemplos ao longo da história da humanidade que comprovam a capacidade de criar e cometer atos de crueldade. São tantos os instrumentos de torturas criados e usados pelo homem contra ele mesmo e contra as outras criaturas. Muitos deles apenas com o intuito e com o objetivo de causar dor e sofrimento nos outros.
Dentre todos os animais, mesmo aqueles mais ferozes, mesmo aqueles mais vorazes e traiçoeiros, não tem como comparar com tamanha perversidade humana. Não tem como comparar com o instinto e com a capacidade de destruição do homem. Não se encontra nos anais neste planeta nenhuma criatura mais predadora, mais devastadora nem mais sanguinolenta do que os seres humanos. Talvez seja preferível desafiar e enfrentar um leão ou um crocodilo em pleno habitat natural do que desafiar a capacidade ardilosa que permeia a mente humana, quando na hora de escolher suas presas para atacá-la e destruí-la.
Eu bem que gostaria de falar nessas coisas sem magoar os amigos que pensam o contrário, que defendem a tese de que a humanidade tem origem divina e que está nesse planeta para evoluir e que, de fato, o homem evoluiu ao longo de sua história. Sem querer ofender aquelas pessoas mais sensíveis, que precisam acreditar na teoria da evolução humana, com todo o respeito aos que pensam dessa forma, que acreditam na bondade do homem, eu, sinceramente, não consigo enxergar essa evolução pela bondade, mas pela força das circunstâncias.
Eu bem que gostaria de encontrar um eufemismo que me fizesse dizer essas coisas de uma maneira mais amena, mais branda ou menos rude. Mas, não dá. Porque todos já nascemos com uma sombria predisposição destruidora, dando prioridade à satisfação de nosso egoismo. Não são por acaso ditados como " farinha pouca, meu pirão primeiro". "Primeiro eu, segundo eu, terceiro eu". Exatamente porque dentre todos os animais, o homem é um ser que vive os maiores conflitos existenciais, porque se desenvolveu dentro de uma sociedade antissocial. Porque em todos os níveis de relacionamento, alimentamos a competição e o separatismo.Vivemos e convivemos numa sociedade onde temos que ser adversários involuntários. Sentimos uma necessidade avassaladora de superar, de vencer, de sermos os primeiros, os melhores, de alcançarmos destaque, contribuindo para um eterno cenário de disputa em todos os níveis de relacionamento. Por causa disso, a paz sempre foi e sempre será um sonho distante da realidade.
A tênue paz que vivenciamos em nossos dias é fruto do poder de fogo e de reação dos nossos adversários involuntários. Porque quando o homem percebeu que a permanência de sua conduta beligerante, que a sua luta pela sobrevivência, que a sua cultura de invadir as terras dos outros para se apossar dos seus bens e escravizar o povo derrotado iria levar todos a ruína e a extinção da espécie, a raça humana percebeu que precisava de uma alternativa que garantisse a sua continuidade no planeta. Assim, o homem encontrou na imposição de regras de conduta e de conceitos de moralidade a base para a convivência pacífica, a partir da solução de conflitos sem os confrontos armados. Contudo, o espírito de posse e de exploração de outros povos que se mantém vivo até os dias atuais, tem sido causa determinante para grande parte dos conflitos intra e interpessoais que fazem parte da natureza dos seres humanos.
Portanto, creio que o que tem acontecido hoje não é nenhuma novidade. É apenas a revelação transmitida, através de rede mundial, deste conflito secular, que existe desde que o homem surgiu nesse planeta. Uma realidade que há muito tempo existe, mas que tem sido mascarada através de eufemismos, de mensagens de amor, de demonstrações pontuais de carinho, de solidariedade e de perdão. Porque do contrário, a raça humana já teria sido extinta há muito tempo. Não fosse todo esse aparato criado e mantido principalmente pelas religiões, certamente não teríamos sequer a chance de construir essa sociedade, mesmo que malévola e cheia de iniquidades como essa que construímos, e que precisamos reconstruí-la para que ela tenha uma nova chance de permanecer existindo.
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