Qual a sua Congregação?
Desde que a humanidade se organizou em sociedades, todos foram forçados a fazer parte de alguma congregação religiosa. Tanto é assim, que somos induzidos a acreditar que crianças sem batismo são pagãs, isto é, vivem no mundo sem a proteção e os cuidados de um deus, e que, por isso mesmo, estão expostas a todas as formas de tentações do demônio. Portanto, podemos concluir que na condição de pagã, uma criança vive sem direito à salvação.
Enfim, desde que o mundo é mundo, as sociedades humanas se organizaram e passaram a impor uma religião ao povo, como se esta fosse a única maneira de se aproximar do Deus Verdadeiro. De maneira que a imposição virou uma tradição e a tradição se transformou na regra. De maneira que, quem não for batizado em alguma religião, simplesmente não existe, fará parte das exceções e não será visto com bons olhos pelo grupo social do qual faz parte.
Enfim, desde que o mundo é mundo, as sociedades humanas se organizaram e passaram a impor uma religião ao povo, como se esta fosse a única maneira de se aproximar do Deus Verdadeiro. De maneira que a imposição virou uma tradição e a tradição se transformou na regra. De maneira que, quem não for batizado em alguma religião, simplesmente não existe, fará parte das exceções e não será visto com bons olhos pelo grupo social do qual faz parte.
Mas, se me perguntam qual a minha religião, respondo que a minha religião é o meu coração ferido e exposto às mazelas deste mundo. Minha religião é a justiça, é a verdade, é o amor desinteressado. A minha religião não tem templos nem exige sacrifícios porque não existem pecados. Apenas gestos de bondade e compaixão.
A minha religião não faz distinção de classes e por isso ninguém é tratado melhor que ninguém, porque seja mais bonito, nem porque tenha mais dinheiro ou porque esteja vestindo roupas de marca.
A minha religião não tem ismo em seu final. Também não se destina a prender ou condenar ninguém. Porque as pessoas nascem livres e livres devem permanecer. Por isso mesmo, a minha religião também não se presta a censurar, julgar e condenar aqueles que pensam e agem de maneira diferente. Porque a minha religião é a liberdade que se revela na luta contra qualquer forma de preconceito e opressão.
A minha religião é universal, porque defende a felicidade entre as pessoas, sejam elas quem forem, estejam onde estiverem. Não há posses ou patrimônio porque todas as coisas são dádivas da natureza e por isso devem ser acessíveis a todos os povos, de todas as raças e todas as espécies de indivíduos.
A minha religião não tem regras que não possam ser revogadas a qualquer tempo e em qualquer momento. Somente o direito de viver será permanente, porque esse é o único bem considerado sagrado, pois nos foi concedido pelo Criador do Universo.
A minha religião também reconhece o direito de errar, e errar quantas vezes for preciso. Até que se consiga entender que com os erros, muitas vezes aprendemos a dar valor aos acertos. Principalmente, porque sabemos que os erros são em grande parte, resultados de conflitos oriundos de leis criadas e impostas pelo próprio homem, não pelo Criador do Universo e da vida.
Porém, se depois de tudo o que foi dito, ainda não satisfeito alguém insistir em me perguntar qual o deus adorado em minha religião, eu direi apenas que em minha religião, meu Deus não tem forma nem cor definida. Ele não é vingativo nem amante da violência nem alimenta as guerras. Porque o Deus da minha religião não se regojiza com o genocídio, nem com o sangue derramado entre suas criaturas.
Em minha religião não existem castigos divinos. Simplesmente porque Deus não precisa castigar ninguém. Na verdade, nós é que nos castigamos uns aos outros. E tudo porque não sabemos apreciar a verdadeira beleza da vida e da natureza em todo o seu esplendor.
Em minha religião, meu Deus nos fala através de nossa própria consciência, que se impõe como uma luz a apontar o caminho justo e correto, um caminho que nos oferece apenas a satisfação e a paz interior como recompensa.
Em minha religião, todos ficam atentos, dia após dia, sempre à espera de uma oportunidade, ao menos uma oportunidade, para fazer o outrem feliz. E assim, justificar tamanha dádiva e a graça de merecer fazer parte, ainda que por um segundo, dos mais de treze bilhões de anos de existência de nossa galáxia. A Via Láctea.
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