Sobre a Ressurreição de Jesus



           Na semana passada, eu tive um enorme prazer em encontrar o sábio e inquieto amigo Jorge,pessoa por quem tenho um grande carinho, admiração e respeito, principalmente pela sua postura em defender suas convicções e suas posições ideológicas. Começamos um breve debate e dessa vez  o ponto nevrálgico foi a crença na Ressurreição de Jesus, assunto que começamos a debater mas não deu tempo de concluir.  Porque em  debates tão polêmicos quanto esses que envolvem a fé das pessoas, fica muito difícil para alguém  conseguir argumentar e fundamentar seu ponto de vista sobre um determinado assunto. Porque diante da fé, a razão chega a parecer um artifício oriundo do mal, que age na tentativa de desviar aquele que se converteu. Mas a razão, queiram ou não, faz parte da nossa alma. Afinal, como bem disse Aristóteles, somos todos animais racionais. Porque até para se tomar a decisão de seguir essa ou aquela religião precisamos de uma engenharia racional.  Há sempre uma sequência lógica que se impõe naturalmente e evolui em nossa mentes até o desfecho final de nossa decisão.
               E qual o motivo da contenda, então? Defendia o nobre colega que para ser Cristão é necessário que  antes se creia na ressurreição de Jesus.  Para o amigo Jorge,  a fé na ressurreição  é uma condição fundamental para que uma pessoa possa se dizer cristã de carteirinha e tudo.  A contrário senso, podemos concluir que se dizer cristão sem crer que de fato Jesus ressuscitou dentre os mortos não é ser cristão de verdade.  Não que eu tenha alguma dúvida de que Jesus tenha subido aos céus, mas reservo-me o direito de ter opinião um pouco diferente, quanto ao fato de ser cristão.  E vou dizer porque.
                   Para mim, a ressurreição passou a fazer parte  das bem aventuranças reveladas por Jesus durante o Sermão da Montanha, quando ele disse a Tomé: "Bem- aventurados os que não viram e creram".

                     Sem me aprofundar muito, vejamos o que diz João Capítulo 11:23-26:

                      Disse-lhe Jesus: "Teu irmão há de ressuscitar".
                   Disse-lhe Marta: "Eu sei que há de ressuscitar na ressurreição do último dia".( Ela trata do Juízo final, crença dos judeus)

                  Disse-lhe Jesus:  "Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em mim, não morrerá eternamente".

                Ora, percebam que quando Jesus falou isso Ele ainda não havia ressuscitado. Logo, podemos concluir que Ele não condicionou a eternidade  à crença na sua ressurreição e sim no que Ele era na verdade. Ele disse apenas "aquele que crê em mim". Porque em verdade Jesus foi,  é  e sempre será Jesus, o Ungido. O Ungido enviado pelo Deus verdadeiro para resgatar a humanidade perdida. A morte Dele foi um fenômeno deste mundo, que faz parte da nossa dimensão, assim como o seu nascimento também o fora.  Se Jesus diz que  aquele que crê Nele não morrerá, imagine Ele próprio então! Está mais do que evidente que Ele já era maior que a morte, bem antes de ter nascido. 
                 Por essa razão, eu não considero que acreditar ou não na ressurreição de Jesus seja um fator fundamental para alguém se considerar um cristão. Basta crer Nele. Até porque Jesus não veio para pregar o  tal cristianismo,  que se propaga até os dias atuais. Eu creio que Ele  veio sim para pregar a força libertadora  do amor do Pai.  Uma forma de amar o outro de maneira incondicional. Esse é o verdadeiro caminho da salvação: amar incondicionalmente o outro, a quem Ele chamou de próximo. 
                   São muitos os que falam,  mas poucos sabem o que é o amor. Um amor que fez o Criador enviar seu Filho Unigênito para que todos aqueles que Nele creiam tenham a vida eterna.  Porque o amor nos impõe um agir diferente em relação aos que não conhecem esse sentimento em toda a sua plenitude e grandeza.  Foi exatamente sobre esse amor que Paulo se referiu lá  em Corintios, capítulo 13.
               O sentimento de quem passou por uma experiência no campo da fé desperta uma forma diferente de enxergar o mundo. Aqueles que nunca tiveram a oportunidade e o prazer de viver essa experiência com o  mundo sobrenatural, um mundo comandado pela fé, jamais conseguirá vislumbrar tamanho encantamento. Mas, confesso que já passei por essa fase e percebi que sem a razão somos tolos vulneráveis, fadados a sucumbir nas mãos de enganadores e falsos profetas. Isso é tão importante que o próprio Jesus muitas vezes alertou sobre essa questão para que tomássemos cuidado com eles. 
               Sei que muitos até têm boas intenções e agem com a vontade de contribuir  para a construção de um mundo melhor,  outros querem viver em paz com suas consciências, e outros são capazes até de dar a sua própria vida  pela paz neste mundo. Mas, eu digo  com toda a  minha experiência: amar é fundamental.  Por isso amem, amem verdadeiramente, de maneira incondicional. Pois só o amor é capaz de tornar possível a conversão de nossos sonhos em realidade. Porque  só o amor é capaz de nos eternizar. Porque Deus é amor, um bálsamo trazido e derramado sobre nós através de Jesus. Sintam esse perfume que ainda está no ar a nos entorpecer.  Sintam a presença viva do Senhor a caminhar, a falar com a sua mansidão, com a sua humildade e com a sua compaixão.
                  Agora, se depois de tudo isso vocês ainda acharem  que basta crer na ressurreição para ser cristão, sem considerar o comportamento do ser, a partir de então,  eu os convido para ler neste momento  o que foi dito em João, capítulos 14 e 15, pois acredito que tudo ficará ainda mais evidente que Jesus não foi um homem comum.










Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A grande balança do universo

O que é subvida?