Você acredita em inferno?
9. Você acredita em inferno?
Não,
acredito em inferno. Creio que a ideia de inferno é resultado de uma interpretação
equivocada da mente humana no passado, pois não existe um lugar cheio de fogo
eterno criado por Deus e destinado
exclusivamente para receber as almas daqueles
que o desobedecem ou descumprem os seus mandamentos durante
um período curto de vida nesta terra. Essa interpretação certamente foi
baseada na antiga crença de que a terra era um plano e que lá em cima seria o
céu. Abaixo da terra estaria um lago de fogo quente devido às chamas saída dos vulcões em erupção, que eram responsáveis
por muitas mortes. Neste caso, o homem
concluiu que acima estava o céu para onde iriam as pessoas do bem e abaixo
estaria o fogo eterno do inferno, para onde iriam as pessoas que
praticavam o mal.
10. E
o diabo, será que ele existe mesmo?
Se não existe um lugar chamado
inferno, também não existe um tal ser
que o comanda. O verdadeiro mal está
dentro daquilo que nos constitui e nos comanda. Nós é que fazemos nossas próprias escolhas a partir das possibilidades que a vida nos apresenta.
Porque construimos um mundo de competição e não de solidariedade, conforme está estabelecido no reino de Deus. Entre nós, apenas esporadicamente agimos como
seres capazes de conviver de maneira
solidária, quando compartilhamos com outras pessoas algumas coisas que acreditamos que nos
pertencem por direito. Mas, nada nos pertence porque tudo é do Senhor. Isso nos torna adversários e rivais involuntários e tudo cria ambição e violência
por causa das diferenças sociais que nós mesmos alimentamos com a nossa
indiferença e a certeza de que somos mesmo donos daquilo que possuímos conforme
as leis criadas pelo próprio homem. Esse é o verdaderio caldeirão que muitas
vezes queima as nossas almas por causa das injutiças que alimentamos,
acreditando que tudo tem que ser dessa forma porque Deus assim o quer para que
nós possamos evoluir.
Quantas vezes pedimos a Deus a preferência diante de outras pessoas como se
fôssemos melhores que elas. Isso porque queremos sempre alcançar os melhores lugares. Lembro, por exemplo, de alguns jogadores que
antes de começar uma partida de futebol costumam
pedir a Deus para saírem vencedores.
Ora, a disputa futebolística, como tantas outras coisas, é fruto
da criação e da vontade do
próprio homem. Acreditar que se pode exercer qualquer forma de influência diante do
Altíssimo para obter vantagens pessoais em relação aos demais seres
de mesma natureza é um
comportamento que faz parte da tradição da sociedade
que o homem mesmo organizou e não se pode esperar que o Deus verdaderio se submeta a isse tipo de atitude humana.
O que se deve esperar de cada um é trabalhar e
disputar a partida com honestidade, dando o melhor de si, aceitando as
possibilidades de resultado. A pessoa
deve alcançar uma vitória pelos méritos e não porque recebeu
ajuda de seres superiores como se costuma fazer nas experiências da nossa organização social. É preciso confiar e deixar
que Deus faça o que for melhor para o bem comum e não apenas para um
através do exercìcio da influência no
alto escalão do poder, como é tradição nesta terra, por mais fé que se possa
ter no Criador.
11. Então,
se não existem inferno nem diabo estamos todos salvos?
O conceito de salvação pregado por Jesus não está vinculado à
existência do diabo. É preciso que as pessoas entendam que nós não somos, nós apenas estamos.
Na verdade, somos constituídos
por diversos elementos com consciência cósmica que se renovam e se transformam por si mesmos a cada milésimo de segundo. A ação de cada elemento só tem sentido dentro
de um conjunto, pois o que importa é o resultado. O que importaria um único
neurônio? Ou um gameta? O cérebro só
funciona porque existem milhões deles participando das diversas sinapses que nos
possibilitam a capacidade de pensar e agir. Há em tudo a ideia de conjunto. Dentro de tudo isso há um processo de seleção natural que deve ser
respeitado, caso constrário, as consequências podem não ser muito agradáveis
para cada um de nós.
Lamentavelmente, construimos um conceito errado sobre eternidade e inferno, por isso mesmo nos consideramos um produto infinito,
invadindo os espaços reservados aos
manejos da própria natureza. Porque precisamos entender que o infinito está nas diversas unidades invisíveis que nos constituem e que um dia retornarão ao seu estado de
natureza. São elementos que se reintegrarão em novas formas que lhe
reconhecerão apenas através de sua
forma original. Do contrário, não terão
continuidade. Para o nosso entendimento, estarão mortos pois não prosperarão
sozinhos.
Diante disso, podemos afirmar que o verdadeiro
inferno nós é que o contruimos, conforme
a nossa maneira de agir e de interpretar as coisas deste mundo. Uma orquestra, por exemplo, só
existe por mera convenção. Quando ouvimos uma orquestra, podemos
perceber a harmonia como um produto final através de vários instrumentos tocados ao mesmo tempo, por vários músicos preparados para desenvolver temporariamente uma ou diversas melodias. Nesse sentido, podemos
dizer que somos uma verdadeira orquestra constituida por vários elementos criados pela natureza divina.
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