Sobre Educação e Fé.
Para início de conversa, instrução e educação não significam a mesma coisa. Infelizmente, estamos vivendo momentos de grande confusão, onde
normalmente confundimos o significado de
várias palavras, de maneira que sempre usamos vários termos de uma forma prejudicialmente equivocada.
Não sei se existe alguma má
intenção por trás de tudo isso, mas
algumas palavras são colocadas com sentidos enviesados e isso tem confundido a compreensão de muita gente.
A verdade
é que não existe nenhum projeto
educacional no Brasil. O que existe é um plano mal elaborado de instrução
escolar comum e erroneamente chamado de educação. Parece óbvio, mas tentam fazer parecer que instrução e educação representam
a mesma coisa. Na realidade, instrução
está relacionada com a evolução escolar
das pessoas, e tem como objetivo formar seres humanos para o mercado de
trabalho, para usá-los como peças na engrenagem de uma máquina que tem como principal fundamento a exploração da força de trabalho com baixas remunerações, o que tem
mantido vários espertalhões
mamando, há muito tempo.
A função
e o sentido da educação é muito
mais amplo e envolve, inclusive, o amor, a compreensão, a solidariedade, o
respeito mútuo, a compaixão e, porque não, o perdão. A educação deve preparar os seres humanos muito mais para as relações e a convivência com a pessoa do outro.Por exemplo, uma pessoa, no cotidiano de sua vida em comunidade, pode ser educada para conviver respeitando o
meio ambiente e as leis de trânsito da sua cidade. Mas, ela não precisa, para
isso, ter qualquer grau de instrução. Nem ser formada em absolutamente nada. Preparar os seres humanos para a vida, a convivência em
família e em sociedade é papel
fundamental da educação.
Será que alguém em sã consciência
perguntaria ao outro qual é o seu grau de educação? Alguém
já viu nos formulários onde se exige a
informação da escolaridade referir-se a grau de educação? Lá nos formulários há sempre um item que pede para ser
informado a escolaridade da
pessoa, isto é, o grau de instrução que ela possui, não o grau de sua educação.
Pois é, essa confusão tem nos
transformado numa sociedade
repleta de pessoas com um certo grau de
instrução, mas sem compromisso
com a boa educação.
Mas, a quem caberia então o
papel de educar as pessoas? Ao Estado, à
Família ou à Igreja? Creio que o papel da educação cabe a todos,
sem distinção. Todos os que fazem parte da sociedade deve preocupar-se
profundamente e comprometer-se com um projeto educacional sério, em função do
bem-comum. Porque basta compreender o verdadeiro sentido e a
importância que a educação representa
para toda a sociedade, para percebemos que, de fato, não existe nenhum projeto de educação para o
povo.
O projeto implantado que temos hoje, e que qualificam como um
projeto de educação, com secretarias e ministérios super dispendiosos, é completamente ultrapassado, enganoso e fraudulento. Porque ele foi inspirado nos áureos tempos das
ditaduras do passado, nas culturas primitivas e dominadoras onde predominava a exploração da ignorância do
povo. As religiões exerceram e ainda exercem um forte papel antagônico aos
anseios de equidade e de justiça social, quando falam de uma fé em contraposição
à verdade científica, exatamente por conta da falta de um projeto
educacional voltado para o povo.
Há um certo desestímulo ao conhecimento
popular sobre certos temas que desmistificariam conceitos e valores antigos, sobre os quais as religiões fincaram
sua doutrina e hoje as modernas
cuidam em manter, porque se consideram herdeiras desse legado. Quem não conhece a história de Galileu
Galilei? Ele foi ameaçado de excomunhão só porque descobriu e declarou que a terra não era o centro do universo e que
ela girava em torno do sol.
“Galilei Galilei morreu cego e condenado pela Igreja,
longe do convívio público. Obras de Galileu foram censurada e proibidas pela
igreja católica romana (ver. Index
Librorum Prohibitorum). No entanto, Galileu conseguiu que uma de suas obras
(sobre mecânica) posteriores à proibição fosse publicada em leiden, atual
Holanda, uma zona protestante, onde a Igreja Católica não tinha grande influência. 341 anos após sua morte, em 1983,
a mesma igreja, revendo o processo, decidiu pela sua absolvição”. (1)
A verdadeira fé não
pode temer os desafios do enfrentamento às
descobertas das ciências. Os líderes religiosos não podem continuar insistindo
numa retórica absolutamente anacrônica,
porque os instrumentos de informação estão aí por toda a parte, e os jovens de hoje, os
quais farão a nossa sociedade do futuro,
serão preparados para uma nova realidade de descobertas e de uma nova era e ninguém pode garantir quais serão
as consequências disso tudo.
Então,
chega de crendices primitivas inúteis. Chega de crer em velas, em despachos, em
matanças e oferendas de animais, de sangue derramado como purificação dos pecados
ou pagamentos de débitos espirituais com os deuses. Chega de encenações espetaculosas nos templos, porque isso não tem nada a ver com fé. As
pessoas precisam saber que a energia está em toda a parte, inclusive, dentro de cada uma delas. Não há o que temer.
Cada um de nós representa
uma minúscula galáxia que pode se comunicar com outras galáxias no infinito, pois
somos originários e partes integrantes
deste cosmo. Nascemos e morremos assim
como todos os astros, mesmos os mais luminosos.
A diferença está no tempo e no poder do
magnetismo. Todos morreremos um dia, porque
a mesma energia que nos mantém vivos também nos
consome.
Ao invés de tanto blá, blá, blá, basta cada um
fazer o seu papel. O nosso não é outro senão amar e construirmos juntos um
mundo melhor para todos. Um mundo sem mentiras ou exploração. Um mundo sem fome
ou violência. Um mundo sem propagandas enganosas e sem processos de indução. Um
mundo onde cada um possa usar a sua
força para o enfrentamento das adversidades naturais deste mundo. Assim, se uma
tempestade acaso derrubar a casa de alguém, mil virão em socorro para reconstruí-la. Se um
furacão destruir a plantação de trigo de uma comunidade, outros mil enviarão sacas do cereal que havia guardado em seus
celeiros para que não falte o pão na
mesa de ninguém.
Dizem que o homem
sonha e Deus realiza os sonhos. Mas, nós sonhamos e devemos usar a nossa
imaginação não para nos locupletarmos daquilo
que conquistamos. Porque tudo o quanto conquistamos e realizarmos,
ainda que seja algo extraordinário, deve ser feito apenas para a honra e glória do Senhor.
Bendito seja sempre o nome do Senhor.
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