O universo ( II )


TRANSUMÂNCIA

Quando me olho
Enxergo  apenas partículas  em minha  consistência.
Vejo-me como  parte  desse cosmo, não como um  todo.
Sinto  sua efervescência  em cada parte de mim,
No cotejo harmonioso do meu físico.
Parece uma estranha  forma de  ver  o mundo
Mas  existe  um propósito divino dentro dessa  consciência.
Não me  considero uma estrutura completa.
 Perfeita.
Por isso,  não me perco na contemplação tola de mim mesmo.
A minha condição de parte  me obriga  a  pensar  como parte.
Não  ambiciono  o papel solitário do Criador.
Contento-me  simplesmente em  ser parte de  seu projeto.
Prefiro  sentir-me partícula desse  universo
E  viver  a sensação de ser  criatura divina.
Porque  partículas se atraem e se buscam
Porque elas se necessitam e se completam.
Convivem numa  eterna  transumância
De energia cósmica.
Como partícula  jamais sobreviverei  sozinho.
E por isso amo.
E por isso existo. 
Deus Seja Louvado.

Como já foi dito, tudo no universo é energia. Cada partícula,  cada corpo, tudo é constituído por energia cósmica divina. Desse ponto de vista, como seres humanos, somos minúsculas criaturas, parte desse misterioso e infinito  universo. Compartilhamos das energias que se propagam a cada instante por todo o espaço. Contudo, assim como muitos outros animais, nós humanos possuímos uma das  formas mais rudimentares de energia, que  amiúde fazemos uso: a energia cinética de impacto com baixa velocidade universal.  Essa é a energia que nos torna capazes de estabelecer lentos  movimentos  sobre os diversos corpos na natureza. No sentido científico, corpo é tudo o que existe e ocupa um lugar no espaço.
 Os corpos se movimentam através de uma força atuando sobre eles. Seja essa força natural ou artificial. Normalmente utilizamos nossa energia para aplicar uma força sobre aqueles corpos que pretendemos atingir ou por em movimento. Paradoxalmente, essa  mesma energia nos oferece a possibilidade de construir ou destruir. Com ela, podemos plantar uma árvore ou utilizar uma serra elétrica para derrubá-la. Podemos plantar muitas árvores ou queimar florestas inteiras. Outrossim, podemos colocar uma pessoa no chão ou  simplesmente estender nossas mãos para ajudá-la a levantar-se. Com a força que possuímos, podemos transformar  a natureza em nossa volta. De um jeito ou de outro, podemos  construir ou destruir o mundo em que vivemos.
Foi esse limitado poder que nos foi concedido pela sabedoria universal e que, enquanto vivermos, devemos provar que o merecemos e fazemos bom uso dele. Precisamos provar que somos capazes de utilizar esse poder  apenas para a construção do bem comum. Assim, provaremos ao Criador que reunimos todas as condições necessárias para continuar a obter outros poderes na escala cósmica. Lamentavelmente, estamos falhando muito no uso dos poderes que nos foram confiados por Deus. Temos apenas esses parcos poderes e o que temos realizado? Já imaginou se nos fosse concedido um pouquinho mais de poder?
           Deus em sua sabdoria nos concedeu tal poder e nos deixou o livre arbítrio  para que possamos escolher com liberdade o nosso próprio caminho e a melhor maneira de aplicá-lo. Mas, é preciso que cada um tenha a consciência e a responsabilidade para assumir as consequências de suas escolhas. Ele mesmo, sendo Deus, não nos obriga a aceitá-Lo ou amá-Lo. Afinal,  a melhor e mais sublime forma de amor é aquela que acontece de maneira espontânea. Livre de qualquer imposição. Sem qualquer forma de  interferências.  Acreditar que Deus, com toda a sua magnitude,  exerça  qualquer espécie de controle ou  interferência, por menor que seja, sobre os  nossos sentimentos, não me parece muito lógico.  Até  porque isso tiraria  qualquer  mérito de nossa parte. Se fosse dessa forma, tudo o quanto praticássemos de ruim nessa vida seria  da total  responsabilidade do próprio Criador. Pois não estaríamos agindo  na plenitude de nossa consciência. Seríamos apenas espíritos  fantoches em formas  humanas. Esse pensamento concebe Deus como um grande manipulador de nossas vontades e de nossas ações. Por essse motivo, não teríamos culpa pelas nossas ações.
                  Mas, será que interferir na nossa vontade teria alguma serventia para Deus?   Imaginar que o Senhor criou todo esse universo apenas para manipular seres limitados como nós. Que nos colocasse nessa terra para  vivermos  pulando de vida em vida,  de maneira temerária. Não vejo nenhum sentido nem  necessidade para isso. Essa ignorância humana foi a maior responsável pela construção de uma falsa imagem de Deus.
               Porém, e quanto aos seres humanos?  Será que nós não  teríamos a capacidade de criar mitos, desenvolver mecanismos ilusórios para manipular o outro, a fim de exercer alguma  espécie de controle  sobre  o livre arbítrio das pessoas?  Será que o homem  não  seria capaz  de  interferir na vontade soberana do povo?  Será que não existem razões suficientes  para acreditar que isso  vem acontecendo há muito tempo?
            O  cérebro  humano é muito complexo e  uma de suas maiores características é a capacidade de concentração. Isso acontece normalmente quando estamos realizando alguma atividade específica. O cérebro precisa se concentrar naquilo que estamos fazendo ou ouvindo. Por isso, dificilmente conseguimos realizar duas tarefas ao mesmo tempo. Em momentos assim, muitas vezes, deixamos de ser vigilantes com outras coisas importantes que acontecem em nossa volta. Basta uma pequena distração e deixamos de nos aperceber de coisas importantes que estão ocorrendo enquanto estamos concentrados em algo.  É como se, de alguma  maneira, a pessoa ficasse olhando para um lado e não  conseguisse enxergar ou ouvir o que acontece no outro. Ou, simplesmente,  não atentamos para os detalhes importantes que acontecem  em torno do quadro em que estamos focados. Mas, falando nisso, será que alguém  perceberá  alguma incongruência contida no texto bíblico a seguir?
          “O SENHOR, porém, disse-lhe: Portanto qualquer que matar a Caim, sete vezes será castigado. 
E pôs o SENHOR um sinal em Caim, para que o não ferisse qualquer que o achasse.
           E saiu Caim de diante da face do SENHOR, e habitou na terra de Node, do lado oriental do Éden.
           E conheceu Caim a sua mulher, e ela concebeu, e deu à luz a Enoque; e ele edificou uma 
cidade, e chamou o nome da cidade conforme o nome de seu filho Enoque;” 
( Gênesis 4:15-17 )


( No  próximo final -de-semana continuamos ) 

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