Insólito

Pra que me serves, amarga vida, neste imenso vazio
Sem luz no qual me pusestes?
Já não há como revogar a minha sentença
Nem essa dor que me tortura e dilacera o coração
Até os irmãos, pobres irmãos,
Que me apresentaram um Cristo,
Que falava tanto em amor
No momento em que mais precisei sanar  minha dor,
Me abandonaram e me condenaram à morte
Como ser feliz nesta terra maldita se me corrói
Um holocausto a cada dia
Nessa aventura insana de viver tamanha agonia?
E como ter paz neste mundo de fantasias
Tão cheio de tristezas e escassez de alegrias,
Se sucumbe a honra perante a soberba e astúcia
Dos déspotas e cortes  dominantes sombrias?
Se não vigora o meu jeito insólito de amar,
Nessa loucura de contemplar o mar e a liberdade,
Pra que me serve, então, lembrar os feitos daqueles antigos heróis
Se a falta de coragem humana desafia o nosso peito
A própria morte em covardia?








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