Sobre a Reforma da Previdência

      Vem cá, que história de reforma da previdência é essa que a gente ouve? Será que há mesmo uma necessidade de fazer essa tal reforma ?Você, por exemplo, já parou pra pensar  sobre isso?
     Há alguns anos atrás criaram o fator previdenciário com o objetivo de retardar a aposentadoria das pessoas ou, caso insistam em se aposentar, que tenham o seu benefício reduzido por conta de um cálculo criado por lei. Depois, já no governo petista, que aliás tanto criticou a criação do fator previdenciário na época, mas depois  que chegou ao poder resistiu o quanto pode para manter as coisas do jeito que estavam. De maneira que até hoje o fator continua sendo aplicado. Apenas por conta das pressões durante  o período eleitoral, o governo do PT aprovou  uma lei que ficou popularmente conhecida como 95 85, em que, no caso do homem, teremos a possibilidade alternativa de se aposentar sem a aplicação do fator previdenciário, isto é, sem redução do benefício, caso o tempo de contribuição juntamente com a idade somem 95. No caso das mulheres essa soma  deve ser de 85.
       Atualmente estão falando em uma nova reforma na previdência, alegando que existe um número  de velhinhos se aposentando muito cedo. Alegam também que os tais velhinhos   estão vivendo mais tempo, alguns chegam a mais de cem anos e que isso está criando um rombo insustentável diante dos recursos arrecadados que não  são suficientes  para pagar todas as despesas. Ou seja, mesmo depois dessas duas reformas anteriores, afirmam o que a previdência arrecada como receita não dá para pagar as despesas. E mais, se isso continuar dessa maneira, daqui a alguns anos a previdência  quebra e todos correm o risco de não receber os benefícios previstos em lei. Lembrando que nesse termo “todos” não estão incluídos, naturalmente,  os políticos eleitos pelo povo, diga-se de passagem.
                O que eu acho interessante nisso tudo é que eles falam essas coisas e a gente fica feito uns otários acreditando que seja tudo verdade. Até porque  no governo ninguém mente. Sempre tivemos e temos os governos mais leais, mais honestos, mais transparentes e mais verdadeiros do planeta. Portanto, se eles estão dizendo, quem somos nós para contestar alguma coisa, não é mesmo? 
                 Então, vamos raciocinar  e considerar os seguintes aspectos:   Se um homem começar a trabalhar com 16 anos de idade, no caso, ele terá que contribuir por 35 anos. Somando esse tempo, teremos o total de 51. Neste caso, ele teria que trabalhar ainda por mais nove anos, pois diz a nossa Carta Magna  que o homem  só poderá se aposentar com, no mínimo, sessenta anos de idade.  Neste caso, o homem terá que trabalhar por mais nove anos  para requerer sua aposentadoria. Por outro lado, para não terem seus benefício reduzidos pelo fator previdenciário, precisam optar pela lei 95 85, de maneira que a soma seja 95 para os homens.  No exemplo citado, essa pessoa ainda não poderá se aposentar e terá que trabalhar por mais alguns anos até que a soma de sua idade com o tempo de contribuição perfaça o total de 95. Ora, fazendo as contas, depois de 35 anos de contribuição ele terá  51 anos de idade e teria que trabalhar mais nove anos. Com sessenta anos de idade ele passa a preencher todos os requisitos mínimos necessários para  requerer sua aposentadoria.
                 Tudo bem, nestes casos, a gente até poderia pensar:  - poxa, como se pode ter uma pessoa aposentada aos sessenta anos de idade, quando ainda  tem forças, juventude e saúde para trabalhar? Sem discordar dessa questão, devo destacar que,  neste caso, a pessoa começou a trabalhar ainda com tenra idade ( dezesseis anos), abrindo mão de boa parte de sua juventude. Lembrando que grande parte desses jovens começam a trabalhar sem  que sua Carteira do Trabalho seja devidamente assinada pelo patrão. Então, eu pergunto, quantas pessoas optam em começar a trabalhar aos 16 anos nesse país ? Dentre essas pessoas, quantas pertencem às classes mais abastadas?  
           Mesmo sabendo que casos como esses não refletem a maioria da classe trabalhadora, devo concordar que se aposentar com sessenta anos de idade chega a ser até um castigo para o homem. Mas, e por que não oferecer uma gratificação para aqueles que aceitarem permanecer trabalhando por mais cinco anos?  E de onde viria os recursos, pode perguntar você. Eu lembraria que há várias maneira de se criar receitas para a previdência: por exemplo, combater com mais rigor a sonegação e os prejuízos com golpes na saúde; acabar com os privilégios de políticos que se aposentam cedo demais, rever tantos gastos com suas mordomias bancadas com o dinheiro público, além de manter um combate cerrado à corrupção como um todo, aplicando medidas mais duras com  processos sumários em casos previdenciários, devendo o corrupto condenado em segunda instância já ser preso, caso não devolva o que foi desviados, começando a cumprir sua pena. Medidas como essas devem afastar  de uma vez o fantasma da impunidade que motiva  a aplicação de golpes contra  órgãos previdenciários.
               E,  além disso tudo, temos ainda a possibilidade de criação de um imposto sobre grandes fortunas, conforme previsto na Constituição,  aplicados a quem receba, por exemplo, um salário individual mensal acima de cem mil reais, que é mais do que suficiente para uma pessoa ter uma vida nababesca. Esses valores poderão também ser calculados através da divisão do montante anual auferido pela pessoa,  dividindo-se por doze meses para quem recebe através de contratos de prazos determinados. Nesses casos, o tesouro ficaria com mais recursos para garantir os rombos de  natureza previdenciária.
             Por fim, poderá ainda  se fazer também um  pequeno ajuste nas alíquotas aplicadas sobre os salários de contribuição, se e somente se os valores sejam complementares, constatando-se a real, não nominal, insuficiência de recursos, mesmo tendo sido tomadas todas as medidas anteriores.
       Então, minha gente, não há dúvida nenhuma de que há muita coisa que pode ser feita  antes de se partir para medidas contra a classe trabalhadora, que já tem contribuído demasiadamente para o engrandecimento desse país e para manter o luxo e as mordomias de quem só tem explorado, por todos esses anos,  a classe trabalhadora. Lembrando que tem muitos desses políticos hipócritas que consideram a política apenas um meio fácil de  enriquecer e ter uma vida cheia de opulência diante dos sacrifícios do povo.         


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