Você é a Favor ou Contra a Liberação da Maconha?

               Eu sei que esse é um assunto  bastante delicado  e que precisa ser tratado com muito cuidado. Mas, eu não poderia deixar de dar a minha opinião sobre ele. Porque eu sei que por trás de  assuntos polêmicos como o uso de drogas há muitos conflitos de interesses envolvidos, por isso mesmo, também há muita  violência, muita hipocrisia e muita manipulação midiática praticadas por pessoas nem sempre  muito bem intencionadas, digamos assim. 
                    Sei que são muitos os que defendem a liberação da maconha,  sustentando a tese de que já existem muitas outras drogas  tão  entorpecentes,  ofensivas e perigosas quanto a maconha, mas que são toleradas. A sociedade  tolera  drogas como  as bebidas alcoólicas e os cigarros, por exemplo. Como sabemos, a maconha é um entorpecente e, neste caso, não se trata apenas  de uma questão de defender o direito a liberdades individuais. O que se deve conceber antes  são as possíveis consequências sociais dessa liberação na vida da população como um todo. Porque é inegável que lícita ou não as bebidas alcoólicas  também são drogas e causam enormes danos e prejuízos ao estado e à sociedade, principalmente  por conta dos acidentes de trânsito. 
                     Muitos se consideram independentes para escolher seus caminhos e traçar seus próprios destinos. Dizem que são donos  de sua própria vida e com ela podem fazer o que bem entenderem. Mas, quando ficam doentes por causa do excesso de álcool vão parar em hospitais públicos e precisam dos cuidados de outras pessoas. Nesses momentos,  não são tão independentes quanto pensam ser. O Estado tem gastos enormes com acidentes, internamentos hospitalares, etc. Dinheiro público oriundo de impostos pagos pelos contribuintes que poderia ser investido em tantas outras necessidades são direcionados para tratamento de viciados em álcool e cigarros. Tudo isso sem considerar outras tantas espécies de drogas que existem e são vendidas legalmente por aí, em formato de refrigerantes, sanduíches, salgadinhos, hambúrgueres, enlatados e até em forma de remédios. São produtos que  causam diversos males à saúde, como o câncer, por exemplo, mas  que são vendidos livremente porque geram empregos e renda. Por isso, incluo-me entre aqueles que defendem a liberdade e a conscientização através da educação familiar e escolar, para que cada um possa fazer  de sua vida o que bem entender, mas tenha a consciência de arcar com suas responsabilidades. Desde que  essa liberdade não  interfira, de alguma maneira, na vida alheia, causando transtornos e prejuízos ao direito das outras pessoas.     
            Soube que há um julgamento no Supremo Tribunal Federal no sentido de  liberar o usuário de drogas, deixando para condenar e punir apenas os traficantes. Agora, eu pergunto: haveria tráfico de drogas sem os usuários? Será que os usuários são tão vítimas inocentes assim? Creio que precisamos rever nossos conceitos e valores em relação a essa questão.  Até porque se não houvesse os consumidores de drogas, não haveria o produto no mercado, não haveria os vendedores. Pois, quem em sã consciência iria produzir doce de casca de macaíba ou cigarro de  folha de bananeira para vender, por exemplo, sabendo que não encontrará  compradores para esses produtos? 
                    A saúde pública está doente. São muitos os que morrem por falta de atendimento médico, por falta leito nos hospitais e de UTI. Faltam macas, remédios, ou seja, faltam até os instrumentos básicos e necessários para que o Estado preste um bom serviço de saúde à população mais carente. Então, diante desses fatos concretos, creio que já está mais do que na hora de cada um assumir as consequências de suas decisões e de seus erros. 
                          Cabe ao Estado fazer valer o princípio da igualdade  previsto na Constituição federal, o qual diz que todos são iguais perante a lei, mas, como disse Aristóteles, igualdade na medida de suas desigualdades. Ou seja, não se pode tratar igualmente os desiguais. Essa é a lógica.  É seguindo essa linha de raciocínio que proponho a concomitância de duas classes de serviços: um para prestar atendimento e cuidar daqueles que fazem uso de qualquer  tipo de drogas, que assumem os riscos contra a sua própria saúde e a  vida dos seus familiares, considerando  ainda que alimentam uma indústria de crime, provocando gasto  exorbitantes, devido a altos  investimentos feitos  por parte do estado. Sou favorável se essas pessoas assinarem termo de compromisso se responsabilizando pelos danos que causarem ao estado e a terceiros, caso seja comprovado o nexo causal entre o dano e o uso de entorpecente.
                          É nesse pensar também  que proponho uma separação do joio e do trigo. Uma divisão social, entre viciados e não viciados para efeitos de prioridades no atendimento médico e na prestação dos serviços  hospitalares, além dos direitos previdenciários. Porque não é justo que pessoas que deliberadamente assumam o risco de ingerir bebidas alcoólicas ou outros tipos de drogas ocupem leitos públicos, já tão escassos, em detrimento daqueles que não são usuários ou consumidores de quaisquer tipos de drogas. Pessoas que cuidam  rigorosamente de sua saúde, inclusive, praticando esportes ou algum tipo de exercício físico e estão morrendo porque alguém alcoolizado ou extremamente drogado está ocupando o leito de um hospital público por ter causado um acidente ou se envolvido numa briga violenta.. O atendimento preferencial seria, então,  uma forma de  recompensar aqueles que cuidam da sua saúde. Até porque esses terão menos probabilidade de adoecerem e, portanto, causarão  menos prejuízos ao erário público, dinheiro constituído com o sacrifício de toda a sociedade. 
                      Não entendam isso  que vou dizer como uma defesa aos traficantes, mas eles agem como comerciantes que vendem produtos considerados ilícitos a quem deseja comprar. As pessoas consomem drogas por opção e não por imposição. É evidente que existe a violência  e ações paralelas praticadas  ao arrepio da lei,  no sentido de garantir  a manutenção do comércio ilegal de drogas. Mas, eles não podem recorrer à justiça exatamente  porque seu comércio é ilegal. Por isso tenho uma tendência a ser favorável à legalização do consumo de drogas, respeitadas certas condições. Porque, ao contrário dos traficantes, que são considerados bandidos perigosos pela sociedade, todos nós convivemos com muitos outros bandidos, que estão por aí, posando de  homens de bem e honestos e causam danos à sociedade do mesmo jeito. Por exemplo, eu nunca ouvi dizer que um traficante  tenha colocado a arma na cabeça de uma pessoa para  obrigá-la a comprar suas mercadorias ilícitas. Mas, todos já ouvimos  dizer que há muitos milionários por aí,  donos de empreiteiras, por exemplo, acusados por formação de quadrilha,  pagando propina a agentes políticos e do governo. Eles alegam que foram obrigados a superfaturar os preços dos contratos  e desviar dinheiro público para contas secretas, caso contrário seriam excluídos da concorrência e impedidos de contratar com o poder público. 
                      Pensando bem, se a droga for mesmo liberada, poderemos ter policiais usando drogas, as forças armadas usando drogas, juízes, promotores, os professores, todos fazendo uso de drogas. Em breve teremos um mundo cheio de zumbis viciados, matando e morrendo por um punhado de drogas. 
                      É uma pena que os próprios seres humanos estejam transformando a vida neste planeta numa verdadeira droga.
                

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