Ordem e Progresso
Hoje eu gostaria de falar sobre as duas palavras que fazem parte da nossa Bandeira Nacional, um dos símbolos da nossa pátria. Além de suas cores, temos duas palavras que representam os dois pilares fundamentais para o desenvolvimento do nosso país: Ordem e Progresso. Elas deixam claro que, para se desenvolver, um país necessita de harmonia e equilíbrio. Porque não há progresso na desordem. Para que uma nação caminhe na direção do verdadeiro progresso, há de se ter uma ordem institucionalizada que se imponha através de uma conduta ética e moral, sobretudo, por parte dos governantes. Não se pode estabelecer uma democracia plena dentro de um sistema de governo completamente dominado pela desordem, pela desconfiança das suas lideranças motivadas, principalmente pelo abuso do exercício do poder e pelas mentiras, as quais geram sempre instabilidade social e econômica.
Nos recentes protestos realizados contra a corrupção instalada no Brasil, vimos algumas pessoas desfilando com bandeiras e cartazes pedindo a volta da ditadura militar. É evidente que ninguém, em sua sã consciência, pode desejar a volta de um regime ditatorial que comandou o Brasil do início dos anos sessenta até meados dos anos oitenta. Um regime que se instalou sob à luz do terror e da tortura. Isso só pode ser revolta e indignação diante de tudo o quanto estamos vivenciando atualmente. Devo adiantar que sou contra qualquer forma de ditadura, seja ela de que natureza for, pois todo o poder deve sempre emanar do povo. Defendo a democracia porque acredito que a liberdade deve sempre prevalecer sobre qualquer forma de opressão. Contudo, também defendo a ordem como um dos corolários cimeiros e indispensável a qualquer nação que tenha pretensões de evoluir e se tornar uma grande potência mundial.
Foi seguindo essa linha de raciocínio, que parei um pouco para fazer uma breve reflexão sobre a mensagem estampada na bandeira brasileira: "Ordem e Progresso", e pensei cá com meus botões: aquelas palavras não foram postas ali por acaso. Não podem ter sido palavras escritas a esmo ou meras bravatas sem qualquer sentido jurídico ou sem nenhuma força vinculante. Na verdade, "Ordem e Progresso" representam princípios norteadores mais permanentes da nação brasileira. São dois esteios que devem ser perseguidos e harmonizados com os demais princípios fundamentais, previstos na nossa Constituição Federal. É como se aquelas duas palavras representassem o equilíbrio necessário e fundamental para a paz, justiça, para o nosso desenvolvimento econômico e social da nação brasileira.
A quem caberia buscar o progresso? É evidente que a responsabilidade pelo progresso cabe aos governantes, ao que assumem a missão de administrar a economia do país. Também cabe uma parcela dessa responsabilidade aos políticos eleitos pelo povo, os quais têm o dever de fiscalizar e de barrar medidas que possam causar prejuízos e desordem à economia e, consequentemente, à vida da população. E a quem cabe buscar e manter a ordem? A ordem cabe, naturalmente às Forças Armadas. É a ela que os poderes encarregados pelo progresso recorrem quanto há necessidade de se manter a ordem. Um bom exemplo disso é em relação às rebeliões nos presídios. Quando há desordem interna, a presença das forças armadas e´fundamental para a restauração da ordem. Na verdade, as forças armadas é que garantem a estabilidade social e jurídica de uma nação.
Eu consigo diferenciar perfeitamente a democracia, a ditadura e a restauração da ordem. Para se ter ditadura há de se ter um golpe contra um governo democraticamente escolhido pelo povo. Há de se entender a ditadura como aquele regime que se instala alheio ao sistema constitucional. Normalmente temos uma oligarquia que mancomunada com as forças armadas, decide tomar o poder através da força, contrariando os procedimentos previstos na constituição do país. A ditadura compreende, ainda, a outorga de uma nova constituição a fim de garantir uma permanência prolongada no exercício do poder, sob um regime de repressão aos direitos humanos e cerceamento aos direitos à liberdade e às garantias individuais dos cidadãos. É comum, neste caso, haver o controle dos meios de comunicação, além de se praticar toda a forma de barbaridades e de torturas contra aqueles que se insurjam contra o golpe e a permanência dos ditadores no exercício do poder.
Por outro lado, é importante destacar, que malgrado todo o medo devido às frustrações históricas já vividas, há uma tênue diferença entre ditadura militar e intervenção militar. Porque diferente da ditadura, a intervenção militar deve ter um tempo curto e se dá em casos pontuais e situações específicas, com a finalidade de restabelecer a ordem pública e social. Entendo que o restabelecimento da ordem pública e social é um principio comum que faz parte tanto da ditadura quanto da democracia. Porque nem a ditadura nem a democracia conseguem se manter e se desenvolver sem ordem. Portanto, tanto na ditadura quanto na democracia existe uma interdependência com relação à ordem. Nesse pensar é que considero que tanto na ditadura quanto no restabelecimento da ordem interna temos a possibilidade do uso das forças armadas, como força necessária, mas essas medidas não se confundem.
Há, portanto, duas diferenças básicas, didáticas e fundamentais entre regime militar e restabelecimento da ordem: o tempo de permanência de intervenção no comando do Estado e a motivação que levaram a essas extremas formas exceção intervencionistas. No caso da ditadura, a intervenção permanece por um lapso temporal desnecessário. Já no restabelecimento da ordem pública e social, a intervenção deve se dar até que a ordem seja devidamente restabelecida e garantido esteja a sua normalidade conjuntural democrática e o Estado esteja em condições de caminhar na direção do progresso.
Na ditadura há interesses escusos de oligarquias que se acertam com militares insatisfeitos com o governo e dão um golpe de estado, sob o manto do restabelecimento da ordem. Portanto, a ditadura se estabelece a partir de um golpe, porque se instala através da força, ferindo os princípios previstos na constituição. Já no restabelecimento da ordem, tudo se dá através de princípios constitucionais que garantem a plenitude do exercício dos poderes, das leis, da democracia, dos direitos fundamentais dos cidadãos e das instituições. O que se busca é exatamente restabelecer a ordem diante da desordem e das ameaças causadas por administrações fraudulentas e temerárias, caracterizadas pela prática de atos criminosos , inconstitucionais e danosos à nação, praticados por aqueles que estão no exercício regular do poder, causando riscos à estabilidade política, social e econômica do país no âmbito interno e externo. Principalmente quando esses fatos descambam para conflitos entre os poderes a ponto de se confundir e não se saber quem de fato administra o país.
Como disse antes, o lema da nossa Bandeira Nacional é "Ordem e Progresso". Não é somente progresso nem somente ordem. O progresso se destaca como um mister destinado ao poder político que esteja no exercício legítimo da administrativo da nação, enquanto a ordem é princípio direcionado às forças armadas, como garantia da segurança nacional, da ordem institucional e da paz social. Quando há uma grave crise política e econômica instalada no país, por exemplo, quando há uma bagunça generalizada, com falta de respeito e acusações recíprocas entre membros dos poderes constituídos, que devem ser independentes e harmônicos; quando há uma crise instalada institucional, com denúncias de desvio de verbas, abuso do poder econômico objetivando o aparelhamento partidário do país; quando houver suspeitas e acusações contra o partido do Presidência da República por envolvimento em práticas de crimes graves como formação de quadrilha, de corrupção, de desvios de verbas públicas, etc. Quando se tem suspeitas de envolvimento do poder executivo numa trama nefasta que cause prejuízo de bilhões e bilhões de dólares à economia do país e que a sua permanência gere grandes prejuízos na indústria e no comércio, instabilidade e descrédito; quando houver suspeitas de envolvimento de grande parte de Membros do Congresso Nacional e do Poder Judiciário em esquemas de corrupção, inclusive, quando há suspeição com relação a algumas decisões de membros do Supremos Tribunal Federal. Além de tudo, que essa situação gere um clima de desconfiança nos investidores estrangeiros e isso comece a causar tamanho descrédito e desequilíbrio na condução do governo. Sem uma clara possibilidade de solução política ou jurídica que por si restabeleça a ordem, não vejo outra forma de se fazer isso a não ser através do uso das forças armadas, a quem, como disse, compete defender o país dos ataques externos e internos, para garantir a ordem.
Portanto, intervenção militar para a garantia da ordem nem sempre significa estabelecimento de uma ditadura militar. Ao contrário, pode ser uma medida fundamental para a garantia dos princípios constitucionais vigentes no país. É importante lembrar que o Brasil é maior do que qualquer interesse pessoal e de grupos. O Brasil é maior do que qualquer instituição e de qualquer facção ideológica ou partidária. O Brasil deve ser sempre a nossa maior estrela.
Portanto, intervenção militar para a garantia da ordem nem sempre significa estabelecimento de uma ditadura militar. Ao contrário, pode ser uma medida fundamental para a garantia dos princípios constitucionais vigentes no país. É importante lembrar que o Brasil é maior do que qualquer interesse pessoal e de grupos. O Brasil é maior do que qualquer instituição e de qualquer facção ideológica ou partidária. O Brasil deve ser sempre a nossa maior estrela.
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