O Pai Nosso da Progressão









          Há séculos  o Tribunal de Justiça de Pernambuco, alheio à oração do Pai Nosso ensinada por Jesus, na hora de repartir o pão com os seus servidores não vai além do venha a nós e vosso reino nada.  Faz tempo que a luta dos servidores   sempre foi no sentido de  que a direção do Tribunal de Justiça realmente fizesse valer o título que lhe que era justo. Ou seja, repartir  com mais equidade as verbas destinadas ao pagamentos de pessoal.
         A verdade é que sempre  existiu uma dicotomia  sem sentido na hora da reposição  das perdas salariais. Uma  perversidade separatista em que apenas  alguns  eram contemplados satisfatoriamente. Privilégios para os chamados  Membros do Poder, o que por si justificava suas regalias, e para  os demais servidores  restava apenas e tão somente o já  honrado  título de serventuário do Tribunal de Justiça de Pernambuco, tendo que se conformarem  com as sobras  do grande banquete orçamentário que era servido  a cada ano.  Apenas depois de serem  atendidas e satisfeitas todas as necessidades dos considerados membros do poder é que  se  repartia  as sobras monetárias  entre aqueles que não faziam parte da chamada elite do Judiciário.
        Por conta dessa  desleal e injusta forma de manipulação orçamentária, os servidores sempre  se queixaram e se insurgiram porque amargavam   diversos prejuízos diante das  perdas em seus vencimentos. Porque nunca se garantiu a preservação  do poder aquisitivo, do poder  de compra dos salários recebidos  mensalmente. Nunca   havia segurança  quanto ao cumprimento  dos acordos ou dos direitos consagrados  que eram estabelecidos em lei, de maneira que  os servidores  sempre tiveram que  viver com a famigerada defasagem salarial.  Aliás,  na maioria das vezes, as principais reivindicações realizadas pela categoria giravam principalmente  em torno da defasagem salarial e da falta de reposição das perdas.




           Não faz muito tempo,  os servidores tivemos vários embates com a direção do Tribunal de Justiça por falta de cumprimento de uma lei  resultante de um acordo que a própria Presidência havia feito com a categoria. Por conta do descumprimento do   mencionado acordo e consequentemente da mencionada  lei, os servidores se viram obrigados a   deflagrar uma greve.  O resultado do embate, como  já era de se esperar,  foi  a declaração de ilegalidade do movimento.  Além de desestimular o fortalecimento do processo democrático com sua postura, o então  Presidente vitorioso, sem dó e sem qualquer piedade, determinou o imediato  desconto dos dias parados nos vencimentos dos servidores, os quais passaram por muitas dificuldades na época.  Até hoje não  devolveram  seu  valioso e suado dinheirinho.
            Mas eis que,  de repente,  surge um  novo Presidente, alguém  dotado de uma consciência e sabedoria ímpar que, tão logo  assumiu o cargo,  decidiu  mudar um pouco esse panorama histórico de iniquidades reclamadas há muito tempo pelos servidores do  tribunal de justiça pernambucano. Ele decidiu  implantar  um novo plano de cargos e carreira para os servidores, os quais  há muito tempo pleiteavam.  Um plano que, mesmo sofrendo críticas,   podemos dizer que  traz em seu contexto, um pouco de dignidade  para a categoria, mormente para os  mais antigos  na casa, que passaram por toda a tempestade, dando sua parcela de contribuição.  Trata-se de um plano que também  concede  aos novatos os instrumentos para sua evolução, desde que mantenham a fidelidade no cargo e a permanência no  órgão.  



          Trata-se de um plano  motivador porque  valoriza aqueles que estudam e investem na sua formação pessoal,  também  porque  traz  a possibilidade de se vislumbrar  os valores que  farão parte dos vencimentos  dos servidores, até o dia da sua aposentadoria, sem prejuízo das reposições anuais. Essas mudanças certamente tornarão os cargos do TJPE mais atraentes e mais competitivos. Com certeza haverá mais motivação  para  a permanência dos  antigos e a entrada de novos  servidores, reduzindo a  tradicional  e enorme rotatividade. 




             Essa é apenas uma simples  mensagem  de reconhecimento e de agradecimento a todos aqueles que  contribuíram para a aprovação do  projeto de progressão funcional, em especial,  ao Presidente Frederico Neves, pela sua  coragem e pela sua luta  obstinada  ao longo de todo o processo. Foram muitos os que participaram das campanhas capitaneadas pelo Sindicato e demais entidades  representativas. Mas, hei de reconhecer que, pela primeira vez na história desse  eminente tribunal,  um Presidente  provou  que  quando se quer é possível  rezar o Pai Nosso da  maneira mais correta. Isto é,  vindo a nós e ao  Vosso Reino também. Muito Obrigado, Senhor Presidente, Desembargador Frederico de Almeida Neves, Presidente do Tribunal de Justiça de  Pernambuco.




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