Cães, Gatos e Ratos


          Sabe aquela  eterna disputa entre  ideologias de direita e de esquerda, que há muito tempo impera no mundo, e aqui no Brasil não poderia ser diferente?  Sabe  aquela  eterna fantasia de que uma delas  representa o terror, a elite, os ricos, cujo o maior propósito seria o de se manter no poder para ganhar cada vez mais dinheiro às custas da classe trabalhadora, praticando uma iníqua distribuição de renda? Enquanto isso, a outra ideologia se  coloca como legitima representante dos menos favorecidos, dos pobres e oprimidos, pregando um projeto maravilhoso, com soluções fantásticas para resolver os graves problemas do país, como a fome e as injustiças sociais.
           Sabe que, na verdade, tenho cá minhas dúvidas se essa discussão toda  em torno desses dois grandes conceitos tem a ver muito mais com disputa de poder e de vingança do que qualquer outra coisa. Porque,  na realidade,  tudo parece estar ligado a rancores remanescentes do passado, desde quando grupos acostumados a concentrar o poder econômico e o  poder do estado em suas mãos passaram a  ser pressionados  para   incluir  mais pessoas  nessa cúpula de privilegiados. Pois é, todos eles caminham sempre juntos,  lá no topo, recebendo bons rendimentos, apenas para  discutirem e defenderem seus próprios interesses. E olha que fiquei sabendo que aqui no Brasil o custo de tudo isso está entre os mais caros do mundo.
          Enquanto isso, aqui na parte de baixo,  assistimos pessoas se agredindo, se desgastando em debates acirrados e inúteis, cada um defendendo um dos lados. Mas, o que me deixa mais  indignado não é ver o povo leigo, sem instrução alguma, discutindo sobre o caráter desse ou daquele político, defendendo esse ou aquele partido. O que me indigna mesmo é ver pessoas formadas alimentando essa ilusória e irreal crença na virtude dos políticos. Geralmente são pessoas já com um certo grau de instrução na bagagem, de quem é de se esperar uma maior capacidade de discernimento, mas, não sei porque das quantas ficam perdendo tempo com coisas que não levam a lugar nenhum. E até levam: à perda de tempo.  Vai por mim, não vale a pena gastar saliva com essa gente.  
           Eu chego a ficar enojado e cada mais vez  repudio a política desse país quando tenho que ouvir certos políticos, verdadeiros artistas, profissionais na arte da mentira,  com suas retóricas de butiquim, a qual aprenderam em  antigas cartilhas,  sempre repetindo as  mesmas frases dos tempos da  brilhantina, sem qualquer comprometimento com o que diz. Eles repetem frases antigas apenas para enganar e conquistar a simpatia  e o voto do eleitorado. Porque, cada vez mais,  fica evidente a leitura labial de textos pronunciados sem sentimentos, previamente preparados por outros profissionais,  especialistas em frases de efeitos, em propagandas enganosas,  com o único objeto de iludir o povo, principalmente,  aqueles eleitores com um baixo grau de instrução, que não entendem ou interpretam mal o que leem.  São pessoas que só  conseguem se informar através do rádio e da televisão. São principalmente essas pessoas, que mais  carecem dos serviços prestados pelo Estado,  que são  mais usadas pelos políticos durante o processo eleitoral. 
            O que eles gostam  mesmo é de inaugurar obras. Porque as obras  que eles fazem sempre são  utilizadas como instrumentos de propaganda enganosa na televisão, com o propósito de camuflar suas mentiras. Por exemplo, todos sabemos que no Brasil  existe uma carência real de aproximadamente dez milhões de moradias populares. Contudo, quando se aproxima as eleições, eles usam  imagens da vilas, de casas populares  sendo entregues ao povo.  Eles fazem questão de filmar o  povo recebendo suas chaves, rindo e fazendo festas. Entregam mil, duas mil, até cinco mil casas. Essa cena vista pela televisão parece muito real, o povo recebendo  suas casas chega a ser comovente. Mas eles omitem que deixaram de construir mais de nove milhões de moradias necessárias para acabar com a carência, para acabar com essa exploração dos alugueres, com esse comércio bastante rentoso para muitos que gostam de ganhar dinheiro explorando as necessidades alheias. Porque, todos sabemos que cinco mil casas em valores absolutos é muito, mas são insignificantes diante das dez milhões de moradias necessárias. Muitos podem até alegar que as dificuldades financeiras do país não permitem tamanha ousadia,tudo bem. Mas, quando  é preciso construir viadutos, novos estádios de futebol, e outras obras faraônicas menos  desnecessárias que moradia para o povo, o dinheiro sempre aparece. 
           Não é por acaso que alguns integrantes de um  desses partidos políticos dizem detestar a classe média. Porque para essa gente,  mentir é a regra. Porque eles sabem que não é fácil nem tão simples enganar quem tem  mais acesso à informação. Em suas propagandas, todos costumam fazer uso de  frases como: -"estamos trabalhando para melhorar a vida do povo"; -  " Pedimos seu voto para ajudar o Presidente  A ou o Governador B a continuar  fazendo as obras que o país precisa para melhorar a vida do povo, principalmente as camadas mais pobres"; - "Vamos lutar pela família, porque a família é  criação de Deus e a base da sociedade".     E por aí vai.  Porém,  quando chegam ao  poder, todos passam a ser chamados de suas Excelências, de autoridades,  e esquecem dos compromissos assumidos com o povo. Aqueles  políticos que caminhavam pelas ruas ao lado do povo, de repente, perdem a memória e esquecem  que são empregados e não patrões do povo. Eles esquecem que é a  esse povo que devem prestar continência e dar satisfações pelos  atos  praticados ao longo de seu mandatos. 
            Depois de muito pensar, eu cheguei à conclusão de que nós não precisamos ficar gastando saliva defendendo esse ou aquele político. Seja qual for o partido, político nenhum pretende resolver os graves e históricos problemas existentes em nosso país. (vide a seca da região nordestina que historicamente sempre foi usada como meio de conquistar votos). A maioria dos nossos políticos, sejam de direita ou de esquerda, estão sempre agindo de maneira similar, fazendo uso de uma dialética baseada na mentira, na distorção da realidade fática e, o que é ainda pior, culpando os outros pelas mazelas que acontecem no pais.   
          Só quem poderá resolver os problemas do povo brasileiro é o próprio povo. Enquanto as pessoas continuarem brigando inutilmente como cães e gatos aqui embaixo, os ratos, lá em cima,  continuarão a fazer a festa com o dinheiro público,  como se cada nota de real fosse apenas um pedaço de queijo suíço, posto à disposição e à  voracidade de cada um deles. Só com a união do povo, em nome da ordem, da decência e da justiça,  haverá a possibilidade de acabarmos de uma vez por todas com essa bagunça, com essa farra que sempre fizeram com o dinheiro e com o patrimônio público brasileiro.





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