A Contrapartida da Progressão
No texto da semana passada a mensagem contém, entre outras coisas, mas principalmente, uma mensagem de reconhecimento e de agradecimento ao esforço do Presidente do Tribunal de Justiça, Desembargador Frederico Neves, diante do desafio enfrentado para a aprovação do tão falado Projeto de Progressão dos servidores da casa. Mesmo reconhecendo as falhas, as insatisfações pontuais apresentadas por alguns colegas, tenho que o referido plano representa uma conquista da categoria e se trata de um grande avanço, sem sobra de dúvidas. Os motivos foram relatados naquela oportunidade, com destaque à dinâmica de evolução anual, possibilitando que cada servidor mude de faixa até atingir o teto máximo, melhorando de maneira significativa os seus vencimentos, ao longo de sua carreira dentro do tribunal de justiça.
Mas, mas, mas... sabemos que todo ato administrativo tem como corolário a finalidade pública. Esse projeto não seria aprovado se não tivesse respaldo no interesse público ou não estivesse em harmonia com uma finalidade essencialmente pública. Porque o dinheiro gasto com esse projeto de progressão não pertence ao Governador, ao Presidente da Assembleia Legislativa, muito menos ao Presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco. Por mais boa vontade que ele tivesse não poderia sair por aí distribuindo dinheiro para agradar esse ou aquele servidor ou simplesmente porque ele acha que servidor deve ganhar bem. Porque esse dinheiro sai dos cofres do Estado e pertence ao povo, pois a res é pública. Então, antes de qualquer outra coisa, precisamos perceber e identificar onde está exatamente o interesse público diante deste ato de aprovação do nosso tão sonhado e tão suado projeto de progressão. Eu diria que o interesse público está na própria essência da melhoria da qualidade da prestação jurisdicional inerente ao órgão. Lembrando sempre um ditado que diz: a quem mais é dado mais deverá ser cobrado. E deve ser assim. Porque cada um deve fazer por onde merecer o investimento e o sacrifício que está sendo feito pelo poder público. Porque de nada adiantará tamanho investimento se não houver a contra partida que começa a partir da melhoria dos serviços oferecidos e prestados à população que precisa.
Eu diria que há dois compromissos que considero fundamentais, sobre os quais devemos fazer uma profunda reflexão nesse momento: a melhoria da prestação jurisdicional passa necessariamente pela melhoria do atendimento ao público, bem como pela melhoria da imagem do tribunal de justiça pernambucano, em toda a sua performance comparativa com os outros tribunais do país. Faço questão de abordar esse assunto, porque tenho a impressão de que há uma enorme insatisfação popular com o atendimento prestado às pessoas que procuram os serviços do judiciário, principalmente, aquelas pessoas mais carentes. Outro dia, só para ilustrar, entrei em um elevador de um desses fóruns aqui da região metropolitana e dei boa tarde à ascensorista e ela levantou-me um olhar de admiração, como se eu tivesse praticado um ato raro e de elevada importância. Surpreso fiquei quando ela me disse que ali era uma raridade alguém entrar no elevador e pronunciar um bom dia ou boa tarde.
Por outro lado, tenho ouvido vários e vários relatos que servem como exemplos negativo para a imagem do tribunal de justiça perante a sociedade. São exemplos de grosserias, falta de interesse no atendimento e desatenção diante dos problemas apresentados pelas partes. A impressão que fica é a de que boa parte de servidores agem como verdadeiros donos das Varas e dos cartórios. Muitos, dominados pela vaidade, alimentam uma disputa inútil e sem nenhum proveito para a boa qualidade dos serviços prestados à população.
Portanto, creio que seja importante se ter humildade para prestar um bom atendimento. Um atendimento que respeite o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana. Onde todos sejam tratados com urbanidade, sejam pobres ou ricos, estejam vestidos de terno ou de camisa comprada numa feira, estejam calçados com sapatos de couro ou usando um simples chinelo comprado no camelódromo. Não importa que sejam advogados ou um simples vendedor de pipocas. Enfim, que não hajam privilégios e que todos tenham o mesmo tratamento cordial por parte dos servidores. Que seja dado o tratamento que gostaríamos de receber se estivéssemos naquela situação de usuário. Confesso que não gostaria de chegar ao balcão de uma dessas Varas e ser tratado com indiferença ou com grosserias ou ter que suportar o mal humor seja de juízes, seja de chefes de secretarias, seja por qualquer outro servidor.
Portanto, creio que seja importante se ter humildade para prestar um bom atendimento. Um atendimento que respeite o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana. Onde todos sejam tratados com urbanidade, sejam pobres ou ricos, estejam vestidos de terno ou de camisa comprada numa feira, estejam calçados com sapatos de couro ou usando um simples chinelo comprado no camelódromo. Não importa que sejam advogados ou um simples vendedor de pipocas. Enfim, que não hajam privilégios e que todos tenham o mesmo tratamento cordial por parte dos servidores. Que seja dado o tratamento que gostaríamos de receber se estivéssemos naquela situação de usuário. Confesso que não gostaria de chegar ao balcão de uma dessas Varas e ser tratado com indiferença ou com grosserias ou ter que suportar o mal humor seja de juízes, seja de chefes de secretarias, seja por qualquer outro servidor.
Outra coisa que gostaria de registrar é o fato de alguns Defensores Públicos demonstrarem uma certa arrogância e tratando pessoas com hostilidade dentro do recinto do judiciário. Entendo que se sintam insatisfeitos com os seus vencimentos, mas nada justifica tratar os usuários com tamanha deselegância, com grosseria, chegando a causar desconforto a quem tem que assistir a cenas como essas. Tenho certeza que muitos conhecem casos que comprovam o que estou dizendo aqui. Porque normalmente as pessoas que precisam da defensoria pública são aquelas pessoas mais necessitadas, que não conhecem as leis e não podem contratar um advogado particular. Então, vamos denunciar, minha gente, vamos usar, inclusive, os meios eletrônicos para registrar flagrantes com cenas dessa natureza.
Por isso, desde já, pugno pela consciência de cada um diante das suas responsabilidades. Pugno que a direção do Tribunal estabeleça um sistema de fiscalização para punir com rigor servidores que tenham atitudes incompatíveis com o que se espera daqueles que ocupam cargos de relevância no judiciário. Porque todos recebemos dos cofres públicos para prestar um bom serviço à população. Porque se hoje somos servidores, amanhã seremos usuários também. Lembrando que o usuário não está pedindo nenhum favor para ser atendido e respeitado pelos servidores do judiciário, do Ministério Público ou da Defensoria Pública. Eles estão ali para exercerem seu legítimo direito de cidadania, fundado em princípios constitucionais.
Em nosso caso específico, essa é a contrapartida da progressão que devemos dar: prestar contas à sociedade, devolvendo-lhe bons serviços, em todos os sentidos.
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