Jesus é o bom Pastor?

               Davi, o famoso rei de Israel, em um de seus famosos cânticos, declarou o seguinte: "O Senhor é meu Pastor e nada me faltará". Essa frase se tornou uma unanimidade e muito amiúde pronunciada por pessoas do mundo inteiro, sejam religiosas ou não. Contudo, a mesma fé que acreditamos remover montanhas muitas vezes nos impede que façamos uma reflexão seguindo os princípios da razão.

               Eu sempre costumo deixar claro que esse blog se propoe a prestar serviços à verdade, por isso procuro discutir algumas questões que considero fundamentais para transmitir os princípios nos quais acredito. Porque sei que as palavras concentram um poder imenso de convencimento e, principalmente, de controlar a conduta das pessoas. De maneira que uma palavra ou uma frase ditas há milhares de anos atrás, numa cultura diferente da nossa, pode muito bem serem utilizadas para fundamentar ideais de gente nem sempre bem intencionadas.
               Por isso, eu gostaria de destacar que quando Davi utiliza em sua referência o termo "Senhor" ele não está se referindo a Jesus, como muitos podem pensar. Até porque Jesus ainda não havia nascido naquela época. Então, podemos concluir que Davi se refere ao deus de Israel, já que ele era um israelita. Em outras oportunidades já expus aqui neste blog o meu pensamento a respeito do deus de Israel.

             Dito isso, penso que a referida frase de Davi pode ser entendida da seguinte maneira: o Senhor é meu Pastor e tudo ele me concederá, ou seja, todas as coisas me serão possíveis, já que nada lhe faltaria. E, neste caso, o rei Davi se coloca na condição de uma ovelha onde o seu deus seria o pastor, onde o "nada" representaria todas as coisas das quais ele necessitava para sobreviver ou que lhe fossem úteis. Considerando sempre que um bom pastor deve cuidar de suas ovelhas, suprir as necessidades vitais de seu rebanho. Porque um bom pastor as proteje da voracidade dos lobos, porque um bom pastor há de alimentar e guiar todas suas ovelhas pelo bom caminho, por um caminho seguro.
              Não podemos esquecer, no entanto, que Davi era um guerreiro, que vivia constantemente os conflitos de uma guerra pelo poder de Israel. Foi assim que ele matou Golias, um inimigo Filisteu (1 Samuel 17 ). Toda a sua pregação era no sentido de que seus atos tivessem a proteção e a bênção de seu deus, no qual ele acreditava. Um deus que o ajudaria a vencer todas as batalhas contra os "inimigos" do seu povo. O deus de Israel, o qual muitos confundem com o Deus Verdadeiro, porque foi assim que ele nos foi apresentado, muitas vezes se coloca como um pastor vingativo e seletivo, onde não há igualdade entre suas ovelhas, porque trata umas de maneira diferenciada das outras. Um deus que permite, por exemplo, que os israelitas exterminem um povo, apenas para tomar posse de suas terras. Como foi o caso de Abraão e a terra prometida.

             Portanto, fica evidente que esse "Senhor" ao qual o rei Davi se refere não é Jesus. Porque Jesus veio para pregar exatamente o oposto. Jesus não veio para empunhar uma espada e lutar nas frentes das sangrentas batalhas nem matar como David o fizera. A prova disso está nas coisas que Ele pregou: "quando te baterem numa face, oferecei o outro lado".

             Jesus foi recusado pelos judeus exatamente porque não era o "guerreiro" esperado como Davi, para lutar à frente dos exércitos israelitas e libertar o seu povo das garras e da opressão impostas pelos seus "inimigos". Por isso Jesus foi humilhado, ridicularizado quando disse que era o Filho de Deus e pregou a paz e não agiu conforme um guerreiro no seu sentido mais beligerante e esperado pelos israelitas.

             Jesus afirmava ser filho de Deus, porém muitos não O entenderam e ainda não O entendem porque Ele teria feito essa declaração. Ele não se dizia filho do deus de Israel, como muitos pensaram ou gostariam que fosse. Eis a grande diferença. Porque Jesus, mesmo com todos os poderes que possuia, em momento algum os usou para destruir os inimigos de Israel ou tomou nada de ninguém. Porque Jesus veio para pregar a paz entre todos os povos. Porque Ele era a paz que o mundo estava necessitando e, aliás, ainda necessita.

             E foi assim que um dia Ele disse: "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida, ninguém vem ao Pai senão por mim". Mas, criaram um mito, um mito de um juiz seletivo, um impositor fundamentalista das condutas humanas, que de um lado alimenta a exclusão e de outro permite que se matem, que se explorem, que se condenem os semelhantes por causa de diferenças raciais, religiosas e sexuais. E por isso, muitos continuam dizendo o Senhor é meu Pastor, sem saber a qual  senhor  está se referindo.

            E quanto ao Islamismo?

           Bom, essa é outra questão  e fica para a semana que vem.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A grande balança do universo

O que é subvida?

Reencarnação: derradeira abordagem