Qual a sua opinião sobre adoção por casal gay?
Eu
estava mesmo esperando a oportunidade para falar sobre esse assunto aqui. Principalmente
porque nos últimos dias tivemos notícias de mais um caso em que, infelizmente, o pai
biológico, casado, em conformidade
com os conceitos defendidos pelas tradições religiosas, está preso,
acusado de envolvimento na morte do seu
filho menor de idade. Sei que muitos, mais uma vez, vão alegar que isso foi
falta de fé em Deus, que ele certamente estava "possuído" pelo
demônio, etc. Mas, temos
tantos
outros casos envolvendo pais
naturais que cometem crimes contra seus ente
queridos. São pessoas que, apesar de manterem laços de parentesco com as vítimas, cometem crimes hediondos como esses. Muitos em linha reta, como pai contra filho, filho contra pai, contra
neto, contra avó. Nenhuma relação natural impede as barbaridades de crimes
covardes como o de Isabela Nardoni, por exemplo.
Consta
nas leis religiosas que o casal deve ser
formado por um homem e uma mulher com a
finalidade de praticarem o ato sexual em função exclusivamente da procriação. Todo
aquele que se diz religioso deve cumpri tal mandamento. Porque se acaso ele
buscar o prazer durante o ato sexual ou
o pratica sexo sem a devida finalidade de gerar filhos estará em pecado por infringir essa norma.
Sei que muitos fazem vista grossa para isso e fingem que desconhecem essa norma, o que eu considero uma hipocrisia, Não se pode seguir uma religião sem cumprir os seus mandamentos na íntegra. Apenas cumpri-los apenas em parte,
naquilo que lhe for conveniente.
Eu, como não sou religioso, não tenho que me preocupar com esses
pormenores, não é verdade? Acredito que
sexo também foi feito para sentir e dar prazer ao outro.
Acredito que o termo casal deriva da palavra casa, o lugar onde se mora junto,
onde se compartilha momentos de alegrias e de tristezas. Casa é o
lugar destinado a uma vida em comum, onde se
enfrenta desafios juntos, um
lugar de construir e de compartilhar a
vida e os sonhos. Defendo a liberdade de
escolher o parceiro, independente da cor, da
raça ou até mesmo do sexo.
Sei
que alimentamos conceitos e valores meio
arcaicos, muitos deles oriundos das tradições
religiosas, como por exemplo, de
que pai e mãe são aqueles que geram as crianças. São os chamados pais
biológicos. Isso não deixa de ser uma verdade. Mas ela não é absoluta. Pois sob
esse ponto de vista, consideramos mãe apenas aquela mulher que pariu, excluindo
casos de adoção, seja por homens ou
mulheres. Pois temos casos de adoção em que a relação entre adotantes e adotados
são bem mais harmoniosas, muito mais respeitosas e muito mais amorosas do
que uma
relação biológica. O que importa é que exista uma verdadeira relação de
carinho e de afeto, um querer sublimado, oriundo dos corações, da vontade
consciente de compartilhar uma vida, uma vida
com todos os atributos que se espera de uma convivência em comum, entre pessoas que fizeram suas
escolhas na plenitude de sua liberdade.
Não estou entre aqueles que
prejulgam ninguém. Portanto, também não prejulgo casal gay que adota crianças
para delas cuidarem como se pais biológico fossem. Não são pais biológicos, mas são pais
afetivos, que cuidam, que dão carinho, que projetem. O que, na minha humilde
opinião, é muito mais importante, diante do fato de que muitos geram filhos e os abandonam sem dó e sem
piedade, como foi o meu caso. Quantos desses menores que estão por aí, perambulando pelas ruas, não são frutos dessa relação biologicamente
correta, que nasceram de uma relação sem
nenhum afeto e sem responsabilidade?
Sei que são muitos aqueles que costumam apontar os defeitos dos outros, quando têm os dedos sujos. São muitos aqueles que julgam e prejulgam com sua aparente
perfeição, mas apenas por fora são
belos, porque por dentro, muitas vezes só existe uma alma fétida, cheia de podridão.
Por isso
não prejulgo ninguém, principalmente, baseado numa moralidade que há muito
tempo está desmoralizada. Que sejam duas
mães, dois pais, tanto faz. O importante é o amor, porque o amor se basta. Porque
o amor não se prende a gênero ou
espécie. Porque o amor é livre para voar.
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