Na sua opinião, qual deveria ser o papel de uma religião?

   

           Entendo que o papel de uma religião não deveria ser outro, senão o de aglutinar pessoas para conscientizá-las dos seus direitos e deveres perante a sociedade em que vive, bem como o de despertar nelas um sentimento de fraternidade, de respeito e de amor pela natureza e pelos seus semelhantes.

               Isto inclui a construção de um novo  Estado, essa entidade política juridicamente organizada, que ao longo de todos esses  séculos tem sido marcado pela prática de injustiças sociais e pelo desrespeito aos direitos fundamentais dos seus cidadãos, ao tempo em que, as religiões, vergonhosamente, tem desempenhado um papel de conivência e indiferença diante de verdadeiros  crimes como a escravidão, por exemplo, alimentando a crença em um mundo melhor pós morte, regido por divindades e seres sobrenaturais. Diga-se de passagem, um mundo para onde nenhuma dessas autoridades demonstra qualquer interesse em apressar sua ida, pois curiosamente todos preferem  permanecer  por aqui mesmo, usufluindo dos benefícios do poder e do dinheiro que, aliás, são coisas do “mundo” ,  mas,  nesse caso, isso deve ser considerado apenas um pecadozinho à toa, não é mesmo? 

         Para aqueles que  não sabem ou preferem acreditar nas belas mentiras, eu só gostaria de  informar-lhes de  que  toda a riqueza existente neste mundo,  riqueza essa construída há tanto tempo com o suor e a força da classe trabalhadora, encontra-se  dividida da seguinte maneira: a metade se encontra nas mãos de apenas 1% ( um por cento ) da população mundial, enquanto a outra metade está dividida entre os outros 99% ( noventa e nove por cento) da população mundial.  Isto parece justo?

              Pois bem. Eu sinceramente gostaria de olhar nos olhos desses senhores, donos da verdade,  que em defesa da família  preferem se ocupar em discutir a opção sexual das pessoas, alegando que está escrito que Deus criou apenas o homem e a mulher, deixando de lado coisas mais importantes como essa injustiça social, por exemplo,  para perguntar-lhes o seguinte: essa injustiça representa mesmo a vontade de Deus? Foi Deus quem  determinou que toda a riqueza construída com a luta e com o esforço de toda a classe trabalhadora fosse repartida dessa maneira,  enquanto tantos padecem de fome, de ignorância por falta de educação e sofrem com doenças, inclusive,  com doenças do trabalho e, sequer,  podem usufluir com dignidade de um atendimento médico de qualidade?