Estado: Capeta Disfarçado de Anjo

           O Leviatã é o nome de um monstro do mar que  é citado em Jó, 3:8 e Jó 40:25 da Bíblia. Ali encontramos uma descrição do Leviatã como um monstro terrível a ponto de “ninguém poder desafiá-lo e ficar ileso”, irresistível e muito poderoso.  Já na crença judaica, o Leviatã simboliza um poder contrário ao de Deus e, de acordo com o cristianismo, ele deverá ser derrotado no Juízo Final.
           Curiosamente, Thomas Hobbes um dia comparou o Estado com um Leviatã. Para Hobbes, ao Estado  cabe o poder de controle sobre a sociedade, garantindo-lhe a ordem, a paz e a segurança. Assim, através de um grande contrato social, os homens abandonam o seu individualismo para que o Estado possa exercer um poder soberano com a finalidade maior de garantir a sua vida e a realização dos interesses comuns de toda a população, abrindo mão da liberdade que existia no seu estado de natureza.
        Vale destacar que, de acordo com a teoria de Hobbes, o homem é mau por natureza e precisa temer e respeitar um poder maior e mais forte que lhe imponha o cumprimento das regras sociais.
          Assim, surge a figura do Leviatã de acordo com o Livro de Thomas Hobbes. Neste caso, "Leviatã"  se trata de um rei absoluto com uma armadura formada pelos seus súditos, causando temor pela espada e dominando toda a paisagem. Assim como o Leviatã marinho defendia a  vida dos peixinhos, o Estado defende a vida dos seus cidadãos, garantindo que um não possa causar danos à vida dos outros. Para isso, o Estado deve ser Forte, Cruel e Violento.
          O poder do Estado Leviatã, a quem Hobbes chama de “deus mortal”, deveria ser exercido por um rei com poderes absolutos que, pelo medo, governaria a vida de todos. Seria o soberano e os homens os súditos. Estaria acima das leis, sem limites para suas ações, desde que agisse no cumprimento de sua parte no contrato: garantir a vida, a prosperidade e a paz.Contudo, a história demonstrou que o uso da força, do autoritarismo e da repressão, geram sociedades em que prevalece a desigualdade, a instabilidade e o esvaziamento da discussão política. Um Estado soberano, com poderes absolutos, leva à revoltas, que são frutos da injustiça social.
             Portanto, é preciso que o Estado seja não somente respeitado, mas que também respeite os direitos fundamentais  do seu povo, reconhecendo-lhe o direito de viver com dignidade, com liberdade de expressão, com saúde, alimentação, lazer, práticas esportivas que desenvolvam um corpo e mente saudáveis dentre outros. Porém, temos visto um crescimento perigoso de conflitos sociais por conta principalmente do descumprimento dos seus deveres por parte do Estado. Temos visto um Estado injusto, violento, cada vez mais autoritário e dominado pela corrupção. Um Estado que usa e abusa de seus poderes, causando medo, insatisfação e  revolta diante das incertezas causadas pela instabilidade política e econômica e pela insegurança jurídica.
            Na minha humilde opinião, o estada cada vez mais se  parece com um capeta disfarçado de anjo.
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