As Equivocadas Interpretações da Bíblia

Tem  alguns amigos que ficam me olhando de banda  sempre que faço algumas observações ou críticas relacionadas ao texto bíblico. Eles sempre ressaltam que a Bíblia é uma revelação escrita pelo homem, mas inspirada por Deus, por isso ela é denominada e também conhecida como a “Palavra de Deus”. Eu gostaria de deixar bem claro que não tenho absolutamente nada contra a Bíblia. Até porque ela contém muitas verdades e muitos bons e importantes ensinamentos que todos precisamos conhecer.
O que critico na realidade é a atitude equivocada que observo em algumas pessoas que se consideram donos da verdade no que diz respeito aos textos bíblicos. São pessoas que sempre que tem oportunidade mencionam trechos da Bíblia para criticar e condenar o comportamento ou as escolhas dos outros. Isso através de interpretações equivocadas,  fazendo mau uso das passagens bíblicas para  induzir o povo ao erro bem como a uma tomada de comportamento sem fundamento da verdade contida no texto. Muitos se apropriam da Bíblia e fazem interpretações enganosas  ou mesmo mal intencionadas e com isso vão alimentando o separatismo e o ódio  entre os povos de etnias, raças e religiões diferentes. 
          Eu  gostaria de destacar algumas referências contidas na Bíblia, destacando os aspectos que considero relevantes  para ilustrar o que tenho a dizer neste momento.
1- No primeiro mandamento, por exemplo,  está escrito que o homem deverá amar seu Deus sobre todas as coisas e ao seu próximo como a si mesmo. Tô certo? Pois bem. Isso não significa de maneira alguma que o mandamento impede que amemos outras coisas. É importante ressaltar que a lógica da frase nos diz que devemos amar a Deus sobre todas as coisas, isto é, podemos amar todas as coisas, porém não mais do que ao nosso Deus. Então, a liberdade de amar as outras coisas está implícita no mandamento. Podemos amar tudo o que desejarmos, só não podemos amar mais que ao nosso Deus. Isto é  evidente.
2- Amar o próximo como a si mesmo. Ora, raciocinem comigo, por favor. Para amar alguém da mesma maneira como amo a mim mesmo eu tenho que necessariamente  me colocar no lugar daquela pessoa, refletindo nela a minha pessoa. Depois, ficar imaginando como eu gostaria de ser tratado perante as demais pessoas da sociedade onde eu vivo se eu estivesse na mesma situação em que o meu próximo se encontra. Esse não é um exercício muito fácil, até porque impregnaram nossas mentes com conceitos e preconceitos, muitos deles desagregadores e separatistas.
3- Disse Jesus: “ Não julgueis e não serás julgados”. Perceba que se amamos o outro como a nós mesmos, no primeiro momento estamos julgando o outro, mas se entendermos o primeiro mandamento, estaremos na verdade julgando a nós mesmos, uma vez que o exercício de amar se pratica quando nos colocamos no lugar do outro e nem sempre gostaríamos de ser vítima de julgamento alheio. Muitos dirão: - "ah, mas eu não cometo os mesmos erros que  outras pessoas, eu me comporto, cumpro rigorosamente os mandamentos divinos". Ora, esse tipo de raciocínio está errado e é exatamente por isso que estou aqui tentando explicitar. Nesse momento é irrelevante pensar dessa forma,  pois amar o próximo sempre exige que a gente se coloque no lugar dele, ainda que sejamos perfeitos aos olhos do Senhor. Sem esse gesto não podemos garantir que estamos sendo corretos e justos, porque podemos realizar julgamentos fundados em premissas falsas ou equivocadas.
4- Agora vamos considerar tudo o que foi dito até aqui e adentremos em fatos mais empíricos, que façam parte do nosso cotidiano, como a prática do racismo, por exemplo. Se devo amar o próximo como a mim mesmo e, neste caso, é preciso antes me colocar no lugar do outro, hei de me colocar no lugar da vítima do preconceito ou do racismo e pensar como gostaria de ser tratado pelas demais pessoas, caso tivesse nascido com a pele negra. Será que você gostaria que o chamassem de macaco por conta da cor da sua pele?  Como você se sentiria ao ver seu filho sendo descriminado por outras pessoas apenas porque ele nasceu com a pele negra? 
  E aí, a partir dessa reflexão, podemos chegar à seguinte conclusão: se amo o meu próximo como a mim mesmo certamente eu jamais ficaria indiferente ao racismo, pois estaria sendo indiferente ao mandamento contido na Bíblia que eu faço tanta questão em defender como sendo a “Palavra de Deus”. Esse mesmo raciocínio também se aplica aos gays, os ditos “efeminados”, que no caso bíblico parece que foram excluídas as mulheres ditas “masculinizadas”.
 Portanto, na Bíblia há interpretações para o bem ou para o mal. Isso irá depender  do caráter do intérprete.Portanto, aconselho você a não julgar ninguém sem fazer esse exercício de se colocar no lugar da vítima, seu próximo. Pois assim como julgares assim também será julgado.






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