O Julgamento do Mensalão
A julgamento do escandaloso “mensalão”, atualmente sendo votado no Supremo Tribunal
Federal, está surpreendendo a grande maioria dos brasileiros. Eu confesso que
não acreditava na forma como as coisas estão sendo delineadas e conduzidas. Isso
não representa nenhuma postura pessimista de minha parte. Afinal, o Brasil
registra em seu histórico contexto, milhares de exemplos de impunidade.
A coisa chegou a um ponto tão repugnante que, quando se ouve a palavra impunidade, é triste
dizer mas é inevitável fazermos uma natural ligação com a imagem do Brasil. E tudo poderia
ser resumido numa simples e conhecida frase: Brasil é o
país da impunidade. Por acreditar nessa
frase e confiar no sentido de tão
inspiradora filosofia, a bandidagem, no ímpeto de atrair pessoas
dispostas a servir e colaborar com seus planos
ilícitos, alimentam a ilusão de
que o crime praticado no Brasil realmente compensa. Infelizmente, parece ser a lógica que ainda impera
nesse país.
Mas, o julgamento do
mensalão nos surpreende quando assistimos aos nossos eminentes Ministros
trabalhando e exercendo uma de suas funções com tamanho senso de responsabilidade e de independência.
Assistimos exemplos de respeito ao devido processo legal e a momentos sublimes ao direito e a liberdade de expressão do pensamento. Do voto fundado
no princípio da imparcialidade. Não devemos desvirtuar isso por causa dos calorosos debates causados
pelas divergências de opiniões entre o Relator, Ministro Joaquim Barbosa e o revisor, Ministro Ricardo Lewandovsky . Jamais podemos esquecer que estamos vivendo
em um pais livre e essas divergências
fazem parte do espírito democrático. Que, a bem da verdade, ainda estamos amadurecendo e terminado de
lapidar.
O excesso de impunidade que durante anos se tornou uma
das características mais aviltantes aos princípios éticos e morais, tão aspirados pelo povo brasileiro, deixou a todos
incrédulos. Como acreditar que homens ilustres, influentes e poderosos iriam
ser processados e punidos? Como acreditar que, verdadeiramente, os responsáveis por toda essa podridão, por
todo esse escandaloso atentado ao regime democrático e ao patrimônio público fossem apenados. Sim,
porque o mensalão se tratava mesmo de um grande projeto criado e implantado por
um grupo, para corromper e comprar o voto dos representantes do povo no Congresso Nacional,
a fim de que esses agissem de acordo com
os interesses de uma pequena cúpula, eivada de espertalhões, que tinham como principal objetivo a
vitaliciedade e a manutenção de seu partido no exercício do poder. Não
fosse as denúncias feitas pelo deputado Roberto Jefferson, certamente
provocadas por conflitos internos e divergências de interesses, o povo jamais teria
tido a oportunidade de conhecer esse tão famigerado e diabólico plano.
Lamentavelmente, o ex-Presidente Lula, ao invés de se posicionar contra essa
quadrilha, ainda se expõe diante da mídia,
apresentando um comportamento, no mínimo, duvidoso. Agora, muitos insistem em
afirmar que ele não só sabia, como também fazia parte e era
um dos líderes do ambiciosos projeto do mensalão.
Eu, pessoalmente, ainda prefiro a ilusão à certeza de que ele fazia mesmo
parte de toda essa sujeira.
O julgamento do mensalão está em pleno vapor, e estamos assistindo
a construção da nossa própria história. Estamos esperando que se mude o rumo de um destino que parecia
imutável. A certeza de que rico não vai
parar na cadeia. E isso, Graças a esses verdadeiros heróis. Graças a
esses brilhantes e lendários magistrados.
Que mais do que nunca, têm nos dado uma demonstração de maturidade e firmeza. Todos parecem conscientes do seu papel e da grande responsabilidade de honrar a toga que,
merecidamente vestem.
Esses
senhores estão escrevendo seus nomes na história
desse país. Um país tão carente por
justiça. Esses senhores apontam na
direção da esperança e nos deixam uma mensagem de fé. Uma mensagem de que
devemos acreditar sempre e que nem tudo está perdido. Parabéns a todos os Ministros do nosso Supremo
Tribunal Federal.
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