Sobre Adoração às Imagens

                É público e notório que os católicos há séculos  fazem uso de imagens para representar seus deuses e seus santos. Desde criança lembro de retratos de santos como Santo Antônio,São Pedro, São Paulo, São João ainda menino ao lado de um carneirinho e da Virgem Maria em todas as suas versões,  entre tantas outras Santas que fazem parte do grande quadro celestial  que faz parte da doutrina da Igreja Católica. Mas, por qual motivo a Igreja Católica passou a adorar todos esses Santos e fazer uso de suas imagens em suas cerimônias religiosas?
"Nos séculos VIII e IX, surgiu na Igreja a disputa em torno     do uso das imagens, a questão iconoclasta. Por influência do judaísmo, do islamismo, de seitas e de antigas heresias cristológicas, muitos cristãos do Oriente começaram a negar a legitimidade do culto das imagens. Os imperadores bizantinos, de Constantinopla, tomaram parte da disputa, mais por motivos políticos do que por razões religiosas".(http://www.afecatolica.com/), pesquisado em  25 de agosto de 2017.

                 Como todos sabemos, esse hábito tradicional da Igreja enaltecer os seus santos fazendo uso de imagens sempre foi motivo de críticas pelos evangélicos desde que eram considerados simples povo rebelde, protestantes. As justificativas são variadas, mas a principal delas é a de que a  Lei condena a adoração de imagens, com base no segundo mandamento entregue por Deus a Moisés, pelo qual o homem não poderia fazer uso de qualquer tipo de imagem: 

        "Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança  do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam. E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos". ( Êxodo 20. 1 a 17).

                  Mas, os católicos se defendem alegando que eles não adoram imagens, apenas as fabricam e que fabricar imagens não é pecado. Ressalta que em Deuteronômio 6-13, temos que "“Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás”. E é exatamente isso o que os católicos fazem. Dizem que sabem que ali são apenas imagens e não podem ser objeto de adoração, etc. É como se fosse representasse a foto de um ente querido apenas usada para nos lembramos dele ao olharmos sua foto. Assim, os católicos acreditam que o errado  não é a simples imagem, mas a idolatria ou adoração a qualquer espécie de imagem. 
                 Discussões à parte sobre se o de imagens é idolatria ou não, o que eu posso adiantar é que existe uma outra versão para que a Igreja Católica passasse a defender  e  fazer uso de imagens, não somente em seus rituais, como também em todos os seus templos. Como todos sabemos, os antigos cristãos passaram a usar a cruz como símbolo de sua crença. Na verdade, a imagem da cruz representa o instrumento usado para matar Jesus, depois de sua condenação. Hoje todos nós sabemos que é tradição para o povo católico e demais cristãos fazer uso da imagem de Jesus pregado numa ruz ou a própria cruz como símbolo de sua fé. Todos os cristãos são facilmente identificados no meio do povo a partir do uso desse objeto considerado sagrado. 
         Tudo isso porque sempre vivemos numa sociedade separatista, onde as religiões foram as primeiras instituições a alimentar esse hiato humano aqui na terra. A própria Bíblia está recheada de confrontos entre povos por conta de suas crenças e defensa de seus deuses. Portanto, os símbolos sempre agregaram valores  porque carregam  um propósito de identificar os iguais, os fiéis seguidores de um determinado povo ou de uma determinada facção religiosa. Nesse sentido, as imagens passaram a exercer um papel de preponderância dentro das instituições religiosas. Porque o povo costuma acreditar muito mais naquilo que vê. Talvez, também por esse motivo, foi que Igreja Católica, através do Papa Júlio II tenha  contratado o artista Michelangelo para pintar o teto da Capela Sistina onde podemos observar  imagens de santos e cenas  de fatos narrados na Bíblia. 
      Como disse antes, o mundo vivenciou períodos negros, onde pessoas inocentes foram condenadas e assassinadas pela inquisição. A maioria delas queimadas ainda vivas numa fogueira. As condenações se davam apenas porque algumas pessoas optaram em  seguir outras crenças, antagônicas ou não com a fé cristã. A Igreja a consideravam inimigas do cristianismo  e, portanto, inimigas da obra   do Senhor. Por esse motivo, elas eram acusadas de hereges ou de bruxas. Assim, era sempre importante usar os símbolos impostos pela Igreja  a fim de demonstrar de maneira ostensiva que ali residia um cristão, um Católico Apostólico Romano. Eis aí o motivo de as pessoas passarem a adotar o costume de expor quadros de santos em suas salas de estar, a fim de que todos saibam qual a sua fé.
           Portanto, a conclusão a que chego é a de que, na verdade, o uso de imagens aqui referidas nada tem a ver com idolatria, mas com poder. É aquela questão de separar o joio do trigo. Principalmente numa época em que as pessoas  eram obrigadas a revelar sua fé em público, simplesmente para que fossem identificadas no meio daqueles que não aceitavam a doutrina imposta pelo catolicismo, uma igreja que sempre fez parte da cúpula do poder, exercendo uma grande influência nas decisões dos líderes políticos, como os antigos monarcas, por exemplo.
             Hoje, apesar das críticas, o uso de imagens parece opcional. Mas, pense numa época em que a Igreja Católica era soberana e absoluta! Hoje,  os evangélicos, que diga-se de passagem também fazem parte do cristianismo, criticam  os católicos e condenam o uso de imagem apenas para que não sejam confundidos com eles. Existem os cristãos considerados neutros, como os espíritas, mas um cristão que condena o uso de imagem  tende a se harmonizar muito mais com os evangélicos.

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