Qual o grande conflito oriundo da fé?



          Há vários conflitos direta ou indiretamente oriundos da fé. Uma fé milenar que se instalou no mundo a partir de  crenças antigas. Mas,  o grande conflito, que  na  verdade é o que rege todo o conceito existencial da humanidade,  é o que se dá entre a mente e o corpo físico.  Enquanto temos um corpo físico dotado de necessidades naturais, impostos pela própria  natureza,  no que representa a própria  condição humana, várias religiões pregam  a  total ou parcial abstinência da satisfação  dessas necessidades naturais, em função de uma vida melhor no além mundo,  considerando que a satisfação das necessidades naturais  são   caminhos  para a perdição da alma.
          De um lado temos que a alma vive eternamente e deve ser o objetivo principal da humanidade. A ambição de viver para sempre se impõe como a própria razão  e sentido de estarmos neste mundo. Para tanto, não importam os sofrimentos, as perdas, as dores causadas pelas injustiças,  pela corrupção, pela covardia, pela ganância, pela soberba, pela hipocrisia, etc.    Os prazeres do corpo  devem ser  inibidos  a todo custo, ainda que  tenhamos que conviver  à luz de uma constante amargura  em  consciência. Uma amargura  que se impõe  e nos reprime, transformando-nos   em verdadeiros  juízes dos outros e de nós mesmos, reguladores dos comportamentos humanos.
         Eu digo-lhes que nada disso faz parte da criação divina e sim da hipocrisia humana. Porque nada que cultivemos em nossas mentes, por mais altaneiro que nos possa parecer, tornará esse mundo  melhor  a ponto de nos garantir qualquer condição  ou tratamento especial diante do Criador do universo.  Porque o simples  fato  de negarmos e de nos abster de  viver a plenitude de nossa própria natureza, que nos impõe necessidades  orgânicas,  não pode ser a condição que nos credencia ao reino dos céus. O que verdadeiramente nos credencia ao reino dos céus é a bondade e o verdadeiro amor que vive dentro de cada um de nós. Não adianta manter as aparências, porque o universo sabe a origem e a qualidade de todos nós.
        Porque não há como a alma agir  sem o condicionamento físico que  nos possibilita o direito de vivermos e de sentirmos  essa realidade. Se nos alimentamos, saciamos nossa fome e sentimos um prazer. Se bebemos água, temos o prazer de matar a sede. Se encontramos amigos temos o prazer em abraçá-los, se nos apaixonamos, temos o prazer em beijar a pessoa amada.  E tudo isso se encontra numa mesma  realidade que se confunde entre  corpo e a alma da gente. A realidade a qual muitos tentam negar por interesses ocultos, usando falsamente o nome do Senhor. Eu afirmo simplesmente  que tudo isso é fruto de mentes dominadoras  e opressoras  existentes  desde o passado e, de alguma maneira,  seus tentáculos chegaram e permanecem nos tempos atuais.
            Está mais  do que evidente que  todos temos necessidades orgânicas naturais, às quais precisamos satisfazer  constantemente. Os conceitos morais, criados pelo próprio homem  e não por Deus,  alimentam uma indústria de conflitos  que nos escravizam por limitar a  liberdade até em nossos pensamentos. Mas, devemos sempre olhar para o outro  e cultivar a solidariedade, o amor e o respeito. Porque a vida nos ensina que se brigamos  em disputas pela comida e pela água, certamente morreremos todos. Mas, se nos unirmos para compartilharmos tudo isso, certamente teremos melhor proveito das coisas  que nos foram concedidas pela própria natureza.  Se fizermos isso,  seremos  menos desiguais  e mais felizes, podem ter certeza disso.
        

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